A Associação Novo Olhar II vai criar um centro de alojamento de emergência social com 17 camas e funcionamento ininterrupto na Marinha Grande, disse esta sexta-feira à Lusa a sua presidente.
“A nossa vontade era abrir ontem, mas isto são procedimentos muito burocráticos, que necessita de licenciamentos e vários tipos de projetos e, então, as coisas não andam ao ritmo que nós desejamos, mas a necessidade é para ontem”, afirmou Ana Patrícia Quintanilha, referindo que no país “apenas existem três equipamentos sociais desta natureza”.
Segundo Ana Patrícia Quintanilha, este equipamento, destinado também a menores, “dará uma resposta imediata e permanente à emergência social, ligado ao 144 [Linha Nacional de Emergência Social] do Instituto de Segurança Social”.
O concurso público para as obras de reabilitação, melhoramentos e ampliação de uma moradia, denominada Casa da Acácia, onde vai ser instalado o centro de alojamento de emergência social, foi ontem publicado em Diário da República.
O preço base da empreitada é de 815.700 euros, sem IVA, com um prazo de execução de 436 dias. Antes, a associação comprou o imóvel, totalizando o investimento cerca de 1,4 milhões de euros.
“Perante as adversidades que estamos a passar no país, tanto a nível de catástrofes naturais como ao nível do aumento das pessoas em situação de sem-abrigo e tantas mais necessidades, é, efetivamente, um equipamento de extrema necessidade”, adiantou a dirigente da associação.
O centro de alojamento “destina-se a responder a situações de emergência decorrentes de várias situações”, como violência doméstica e tráfico de pessoas, entre outros casos de perigo iminente, acrescentou.
A presidente explicou que foi feita “uma candidatura, em 2022, à Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário” no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, que foi aprovada, tendo sido adquirida a moradia.
“[O centro] funcionará 24 horas por dia, 365 dias por ano”, destacou, assumindo que a Novo Olhar II terá de “contratar uma equipa destinada exclusivamente para esta resposta social”.
A associação, que nasceu em Coimbra, existe “no território da Marinha Grande e Leiria há 24 anos”, referiu ainda esta responsável.
De acordo com a presidente da direção da Associação Novo Olhar II, as valências, “como é natural na missão da associação, estão muito vocacionadas para o apoio a pessoas em situação de sem-abrigo”, com adições e perturbação psiquiátrica.
Os projetos desta instituição particular de solidariedade social integram apartamentos partilhados e um centro sócio sanitário Porta Azul. Acresce um serviço anónimo de rastreio e aconselhamento, que “se define como um projeto de prevenção e de ligação aos cuidados de saúde e rastreio comunitário às doenças HIV, hepatites e sífilis”, além de “equipas de rua no âmbito da redução de riscos e minimização de danos”.
“Temos ainda a decorrer um projeto que se intitula Casa Capaz, de capacitação e reinserção, de apoio a pessoas em situação de sem-abrigo, na tentativa de encontrar respostas de alojamento e de conseguir responder às necessidades básicas, como a alimentação, a higiene e o conforto possível, onde estão também incluídas as oficinas ocupacionais”, disse Ana Patrícia Quintanilha.
Com 14 funcionários, a Associação Novo Olhar II tem cerca de 600 utentes nos concelhos de Leiria e Marinha Grande distribuídos pelos diferentes projetos.