O futuro de Peniche promete ser cada vez mais azul. Em julho deste ano, o consórcio constituído pelo Município, Docapesca, Politécnico de Leiria e Biocant – Centro de Inovação em Biotecnologia de Cantanhede recebeu luz verde do Centro 2020 para a construção de um parque de ciência e tecnologia do mar com a aprovação de 3,5 milhões de euros. A obra deverá ter início no primeiro trimestre de 2021 e levará cerca de quatro anos a estar concluída.
Se tudo correr como previsto, em 2023, dentro da zona portuária, vai nascer o edifício Smart Ocean e Peniche poderá afirmar-se como um polo de inovação ligado ao mar. O trabalho de implantação do projeto, porém, já há algum tempo que se encontra em curso. Ao REGIÃO DE LEIRIA, Sérgio Leandro, coordenador científico, explica que, “sendo uma ferramenta importante”, o edifício só por si não é suficiente para alavancar o sector da economia do mar. “O grande desafio, além da obra, é trabalhar no motor do parque de ciência e tecnologia. Não é o edifício que vai agitar a economia, é criar um ecossistema de inovação em termos locais e avançar com um programa de aceleração”, defende.
O Smart Ocean tem já um conjunto de 10 empresas interessadas em associar-se ao projeto e trabalhar em parceria. São organizações das áreas da segurança alimentar, digitalização, restauro de ecossistemas e descarbonização dos oceanos.
Estes primeiros parceiros são muito importantes, em particular a Pontos Aqua, empresa de capitais estrangeiros que encontrou no Smart Ocean uma forma de viabilizar os seus projetos. Em contrapartida, trará para Peniche “know how e investimento na economia do mar”, explica Sérgio Leandro.
Aliar tradição e futuro
A ideia de construir um parque de ciência e tecnologia do mar em Peniche surgiu, há cinco anos, durante uma visita do Presidente da República Cavaco Silva à Noruega. Na comitiva estavam representantes das quatro entidades que, mais tarde, viriam a ser as sócias fundadoras do projeto. “A Noruega também está virada para mar e explora muito bem os recursos”, recorda Sérgio Leandro.
Na ocasião, logo se concluiu que um parque de ciência e tecnologia “era fundamental para unir” o poder local, empresas, academia e sociedade em torno da economia do mar. E que esta união é fundamental para atrair empreendedores. “Existir interligação entre estes atores também é garante de que algo de diferente existe neste território que os pode levar a fixarem-se aqui”.
Vamos iniciar a década dos oceanos das Nações Unidas. Há aqui todo um alinhamento que é favorável. Não é por acaso, é porque se tem consciência de que os oceanos são um dos últimos recursos da humanidade. Temos de nos virar para o mar definitivamente”
Sérgio Leandro, coordenador científico do Smart Ocean
A localização em Peniche “não é por acaso, surge porque temos o Politécnico de Leiria que tem investigação, trabalha com indústria e gera conhecimento”. A par disso o coordenador identifica no território atividades tradicionais ligadas ao mar como a pesca, a construção naval, o turismo, mas também projetos de inovação como a energia das ondas. “Temos tradição e temos futuro”, conclui.
Este é o contexto que, de acordo com os promotores do projeto, vai permitir atingir objetivos como quebrar o ciclo de emigração de talentos portugueses, estimular o investimento interno e captar investimento externo, fomentar o empreendedorismo, apoiar a modernização do tecido empresarial e promover o desenvolvimento económico e social da região Oeste.
Smart Ocean
Conceito
Parque de Ciência
e Tecnologia do Mar
Localização
Zona portuária de Peniche
Data de conclusão
2023
Sócios fundadores
Câmara Municipal de Peniche, Docapesca, Poltécnico de Leiria e Biocant
Investimento
3,5 milhões de euros
Parcerias já firmadas
Lota Digital; Domática; Bluegrowth; Pontos Aqua; SEAentia; I&D Food; Peniche Ocean Watch; Flying Sharks; PKF; AW-Energy