A medida de recolher obrigatório “não faz qualquer sentido na situação epidemiológica da Batalha e gera graves prejuízos ao comércio, restauração e atividades similares”, considera o presidente do município, Paulo Batista Santos.
“Os cidadãos da Batalha estão impedidos de circular no espaço público, ir ao restaurante ou fazer compras no comércio locais ao fim-de-semana, mas podem ficar todo o dia nos centros comerciais dos concelhos vizinhos. Faz algum sentido?”, pergunta o autarca.
“Estas medidas podem fazer sentido num contexto alargado de concelhos, áreas urbanas contíguas ou no todo nacional, mas são incompreensíveis e inúteis quando aplicadas isoladamente a um só concelho. Ademais, quando o principal foco está nas festas familiares, em casa!”, pode ler-se numa publicação que Paulo Batista Santos fez ao início da tarde deste domingo, dia 8, na sua página de Facebook.
Na sua perspetiva, “esta decisão revela também o desnorte do Governo e dos seus responsáveis no terreno. No passado dia 2, foram fixadas regras para 121 concelhos e proposto uma reavaliação quinzenal a 19 de novembro. Porque razão se prolongam agora as restrições até 23?”.
O Município da Batalha apresentava este sábado, dia 7, o menor número de casos ativos dos concelhos vizinhos do ACES do Pinhal Litoral, sendo o único que regista uma tendência decrescente dos casos ativos (-13).
“Que dados tem o Governo que não conhecemos? Quem paga os prejuízos do encerramento do comércio e atividades turísticas?”, questiona Paulo Batista Santos.
Carta a António Costa
Entretanto, numa exposição enviada ao primeiro ministro, o autarca da Batalha pede-lhe que “compreenda a nossa preocupação sobre os graves prejuízos resultantes do encerramento do comércio e atividades turísticas, sabendo-se que o concelho depende nesta fase do turismo interno”.
Para Paulo Batista Santos, “seria expectável que as medidas adicionais do governo observassem a evolução epidemiológica à data da nova decisão”. Esta medida de recolher obrigatório ”considera-se que não faz qualquer sentido e torna-se de difícil explicação aos cidadãos”.
Quanto a “medidas urgentes que o concelho efetivamente precisa, que infelizmente tardam a conhecer uma decisão”, o autarca destaca que “não tem delegado de saúde há quase dois meses, e continua com extensões de saúde encerradas por falta de recursos”.
“Temos na região de Leiria a urgente necessidade de reforço das equipas de rastreio de contactos e para seguimento de pessoas em vigilância ativa e de disponibilidade pelo SNS de testes de diagnóstico para a COVID-19, uma vez que até à presente data a maior parte foram suportados pelas autarquias”, adianta do presidente do município.
“Mesmo discordando das decisões, iremos continuar a cumpri-las e a promover medidas ativas de proteção da população”, destaca o autarca, reiterando “a necessidade urgente das estruturas regionais de saúde efetivamente concretizarem as suas obrigações na saúde pública, disponibilizando mais meios e sobretudo envolvendo novos recursos das autarquias e dos estabelecimentos de ensino superior”.
Neste caso, aponta a Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria, que “há várias semanas está disponível para colaborar nas operações de inquérito e rastreamento de contactos, sem que os responsáveis da saúde utilizem estes importantes recursos”.