A Câmara de Óbidos e a Universidade Lusófona assinaram, ontem, 22 de junho, um protocolo de colaboração que vai permitir criar na vila um “museu-vivo” alargado aos vários espaços expositivos, ligado através das novas tecnologias a locais associados à criação artística.
O protocolo prevê a cooperação das duas entidades em programas de investigação, orientada, por um lado, para a formação especializada de recursos humanos, com enfoque na preservação e potenciação das tradições locais, e, por outro, para a dinamização de conteúdos contemporâneos para os museus e espaços culturais de Óbidos, refere o documento a que a agência Lusa teve acesso.
“O grande objetivo é cortar um pouco com aquilo que era o conceito de Óbidos, uma rede de museus e galerias, e passar a ter um único museu, que está para além destes espaços e que abrange todo o território, incluindo a arqueologia e o património que pode ser experienciado”, explicou o presidente do município, Humberto Marques.
A ideia é romper com “uma visão que está gasta e que não convida novos públicos a visitar os museus”, afirmou o autarca que pretende, através do protocolo com a Cooperativa de Formação e Animação Cultural (COFAC), que detém a Universidade Lusófona, “dar vida aos espaços museológicos, do ponto de vista tecnológico e do design para atrair novos públicos e desafiá-los a encontrar nestes espaços lugares de criação ao vivo”.
A transformação dos museus de “mero espaço expositivo a espaço de criação”, passa, segundo as duas entidades, pela cooperação em projetos de investigação orientada e “pela produção de conteúdos suscetíveis de serem publicados em livros e revistas nacionais e internacionais”, refere o protocolo.
O acordo prevê ainda a promoção de estágios profissionais e extracurriculares; pela promoção de residências artísticas, pelo intercâmbio de técnicos e especialistas e, em casos pontuais, por acordos visando a integração de estudantes na vida profissional, através do desenvolvimento de projetos e da prestação de serviços à comunidade.
O protocolo insere-se no “papel cada vez mais ativo e interventivo na sociedade civil” que a Universidade Lusófona assume, através de parcerias com autarquias e outros agentes locais, destacou a administradora, Conceição Soeiro, durante assinatura realizada hoje no Museu Municipal de Óbidos.
“Os museus têm uma dinâmica enorme na vida das cidades, do ponto de vista económico e turístico, e há uma falha das políticas públicas, já que não há um incentivo para que as pessoas vão aos museus”, afirmou a responsável pela universidade que aposta em transformar os museus de Óbidos “num centro de aprendizagens” e convertê-los em “valor acrescentado, quer para a região quer para o país inteiro”.
A expectativa da autarquia é que, da parceria, saiam novas dinâmicas expositivas que, através do recurso a meios tecnológicos, “despertem a audição, a visão, o olfato” e que, por outro lado, “façam a ligação com o território de origem”, disse Humberto Marques, exemplificando com a ligação de obras de Josefa d’Óbidos, Baltasar Gomes Figueira e Abílio Mattos e Silva, aos locais do concelho onde foram criadas.
O protocolo tem uma duração de quatro anos que poderá ser renovada por períodos sucessivos, podendo ainda ser ajustado, de acordo com os projetos a desenvolver.