O distrito de Leiria registou 14 crimes de violação de “mulheres adultas” nos últimos 20 meses, segundo dados do Relatório Anual de Segurança Interna 2020 (RASI 2020) e da Polícia Judiciária (PJ).
Nos 20 meses contados a partir de janeiro de 2020, houve um total de 469 casos de “violação de mulheres adultas” em Portugal, refere a informação revelada esta segunda-feira, dia 27.
O distrito de Leiria é o nono com mais casos, depois de Faro (33), Braga (32), Aveiro (23), Coimbra (18) e Santarém (17) e antes de Viana do Castelo (12) e de Viseu (10).
O distrito de Lisboa é o que aparece em primeiro lugar, com 146 casos de crimes de “violação contra mulheres adultas”. Em segundo está o distrito do Porto, com 58 casos e em terceiro lugar o distrito de Setúbal, com 55 casos.
Onde se registaram menos crimes nos últimos 20 meses foi na ilha do Pico, nos Açores, com um caso denunciado à PJ. A Ilha do Faial teve dois casos de violação. Nos distritos de Beja, Bragança e Portalegre registaram-se três casos de violação em cada um deles
Em resultado destes números, constata-se que Portugal registou menos 25% de “violações contra mulheres adultas” em 2020 (315), em relação a 2019 (421), e a quebra poderá explicar-se com o “assalto sexual” na rua que abrandou devido à pandemia, explica a PJ. Este ano, até final de agosto, houve 154 casos.
A quebra de menos 106 casos de crime de violação de 2019 para 2020 pode relacionar-se com a pandemia e o confinamento, porque os crimes de violação acontecem a dois níveis, explicou uma fonte da PJ.
“Não há dúvida nenhuma de que na pandemia, porque estivemos muito mais tempo confinados, todos os crimes que têm a ver com o tal assalto sexual e que têm a ver com a vida na rua diminuíram, porque as pessoas andaram muito menos na rua e continuou a haver policiamento”, acrescentou fonte da Judiciária.
Em 2021, com o desconfinamento e o início do regresso à normalidade da vida antes da covid-19, é “normal que os riscos de violação aumentem no chamado assalto sexual”, alertou.
A PJ avisa que é fundamental que as violações sejam “sinalizadas” às entidades policiais para se aferir sua “verdadeira dimensão”.
Para a investigação policial, a PJ sugere que quanto mais proximamente do facto for feita a denúncia “melhores meios e mais capacidades há para recolha de dados objetivos”.
“Se a denúncia for feita próxima do evento se calhar há vestígios ainda suscetíveis de serem recolhidos. Gostaríamos que o ato de denúncia ou de sinalização fosse o mais próximo possível do crime”, sustenta.
A denúncia, por vezes, até pode ser feita onde a vítima recebeu assistência, seja no hospital ou no Instituto de Medicina Legal, onde a vítima foi assistida.
“Quanto mais vestígios objetivos, quanto mais marcas biológicas do agressor se conseguirem reunir, melhor. E esses vestígios biológicos conseguem-se recolher mais facilmente se for no conjunto de horas seguintes ao evento criminoso”, acrescenta.
O país registou um total de 2008 casos de “violações de mulheres adultas” nos últimos sete anos e meio (até 31 de agosto de 2021).