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SOS Ucrânia

Região une-se motivada pela empatia e vontade de ajudar

São várias as campanhas que decorrem no distrito de Leiria, algumas delas organizadas por imigrantes ucranianos.

No Centro Paroquial da Batalha, a comunidade ortodoxa ucraniana, em conjunto com outros elementos daquele concelho, não tem mãos a medir para a quantidade de artigos que ali chega, vinda de todo o país Joaquim Dâmaso

É em tempo de guerra que os inimigos se tornam nítidos e se descobre quem são os verdadeiros aliados. Slavik Korzh e Nataliya Kravets são exemplos de cidadãos ucranianos que sentem na pele a veracidade desta premissa.

Durante as últimas semanas, a invasão da Rússia à Ucrânia despertou por todo o país, assim como a nível internacional, uma enorme onda de solidariedade. O distrito de Leiria não é exceção. De cá têm partido vários camiões e carrinhas repletos de bens para ajudar o povo ucraniano.

Para Nataliya Kravets, ucraniana radicada na Batalha, há uma frase que sintetiza bem o sentimento dos ucranianos a residir em terras lusas: “Minha Ucrânia é meu Portugal”. Ouviu-a na voz de uma criança noutra ocasião e assume que “nunca fez tanto sentido como agora”.

Também Slavik realça: “agora chamamos Portugal irmão, porque a Rússia já não interessa. Já sabemos quem é o irmão e quem é o inimigo”.

Slavik e Nataliya são os responsáveis pela organização da recolha de bens que decorre desde 26 de fevereiro no Centro Paroquial da Batalha. Tudo começou com uma publicação no Facebook de Nataliya a pedir ajuda para os ucranianos, e rapidamente ganhou proporções nunca imaginadas.

A ela juntou-se Slavik, que vive na Batalha há 17 anos e já estava a reunir bens na sua loja em Porto de Mós. Nem a loja nem a garagem pessoal de Nataliya seriam suficientes para as toneladas de produtos que o grupo tem enviado para a fronteira da Polónia com a Ucrânia.

Slavik Korzh (à esquerda) e Nataliya Kravets (à direita) são os responsáveis pela campanha que decorre na Batalha. Dezenas de voluntários estão com eles diariamente a organizar produtos e a tratar da logística do transporte Foto: Joaquim Dâmaso

À comunidade ortodoxa ucraniana da Batalha juntam-se diariamente dezenas de voluntários locais, miúdos e graúdos, prontos a ajudar a empacotar artigos. Por ali, toda a ajuda é bem-vinda, afinal são muitos os produtos a chegar, doados por entidades particulares e empresas, de diversos pontos do país. Slavik conta ao REGIÃO DE LEIRIA que têm recebido material de Lisboa, Porto, Sintra, Carregado, Ourém, Rio Maior, Abrantes, Algarve, Coimbra, entre outros locais.

Este fluxo de doações permitiu à comunidade enviar até ao fecho desta edição, seis camiões com bens, assim como carrinhas e um autocarro para ir buscar refugiados, que partiu na madrugada desta terça-feira, inserido numa comitiva nacional.

Durante a visita de uma equipa do nosso jornal ao Centro Paroquial na última quinta-feira, era evidente a motivação dos voluntários e a enorme azáfama, entre organizar tudo e carregar um camião. Só Nataliya recebe centenas de chamadas e mensagens diariamente, no telemóvel pessoal e nas redes sociais. “A minha missão é a paz no mundo e ajudar, trabalhar até ser preciso”, frisa.

E o trabalho que desenvolve ao longe é uma maneira de sentir que está a fazer o máximo que pode e acalmar o coração, que tem sempre nas mãos. É que Nataliya também tem família na Ucrânia, nomeadamente a mãe – que vive em Mukachevo e tem estado a acolher refugiados -, bem como tios e três primos.

Um dos primos, conta, está em Chernigov, perto da fronteira com a Bielorrússia.“Quer sair de lá, mas não consegue porque estão 100 tanques à frente deles”, enfatiza, contando que “eles já me disseram que se tiverem de morrer, querem morrer na terra deles”.

Também Slavik tinha família perto da fronteira com a Polónia e em Jetomer, mas terão chegado à Batalha na noite desta terça-feira.

Além da ajuda com bens e do envio da comitiva, para recolher refugiados, o grupo criou a associação Batimento Veloz, sedeada na Golpilheira, para quem quiser contribuir para a causa. Basta entrar em contacto através do email batimentoveloz@gmail.com.

Bombeiros de Leiria resgatam refugiados

O espírito vivido no estádio municipal de Leiria é igualmente de solidariedade e entreajuda. Dezenas de pessoas, entre estudantes de ensino superior, escuteiros, elementos da Cáritas, têm-se voluntariado para ajudar na campanha “SOS Ucrânia”, promovida pelo Município de Leiria.

Uma das voluntárias que se dispôs a auxiliar foi Nikoletta Varha, 22 anos (na foto acima). Natural da Ucrânia, a jovem encontra-se a estudar no Politécnico de Leiria e mal soube da iniciativa não hesitou em responder assertivamente, porque já andava à procura de locais onde ajudar, contou.

Nikoletta tem tios, primos, avós e outros parentes a residir em Mukachevo, na fronteira com a Hungria. A jovem já os convidou a virem para a região, “mas dizem que por enquanto não, porque estão a ajudar as pessoas lá e está tudo calmo”, explicou.

O nosso jornal encontrou Nikoletta no estádio na última quinta-feira, dia em que a autarquia enviou o primeiro camião com bens para a Hungria.

Também na passada sexta-feira, quatro bombeiros de Leiria partiram para o mesmo país acompanhados por uma médica e dois voluntários. Seguiram em três carrinhas carregadas de bens alimentares e medicamentos, para trazer cerca de 20 refugiados ucranianos, que já se encontram na região.

A par de Nikoletta, estavam outros estudantes a ajudar a dobrar roupa, empacotar medicamentos, cobertores e mantas na quinta-feira, dia 3. Joana Marçal, do Baixo Alentejo, está a estudar Solicitadoria no Politécnico de Leiria, e decidiu tirar umas horas para poder ajudar o povo ucraniano. Tem amigos daquela nacionalidade e desde nova envia roupa para os familiares deles, que ainda estão na Ucrânia.

José Martins e Sérgio Lourenço, das Caldas da Rainha e de Alcobaça, respetivamente, também têm ucranianos no seu circulo próximo e consideram este tipo de iniciativas muito importantes. Participar nelas, assume Sérgio, “é o correto a fazer”.

Bernardo Delgado, das Caldas da Rainha, a frequentar o curso de Administração Pública, em Leiria, frisou ainda que esta “é uma maneira simples e bastante direta de ajudar”.

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