A obesidade, a diabetes e o colesterol elevado começam a surgir cada vez mais cedo na população portuguesa. Mas as preocupações não se ficam pela saúde: segundo um estudo na revista científica “British Medical Journal”, a alimentação das crianças até aos três anos de idade pode afectar o desenvolvimento do seu quociente de inteligência. “Somos o que comemos”, alerta Cátia Pontes, nutricionista na clínica Alimentarte, na Marinha Grande.
Durante os primeiros seis meses de vida, o único alimento dos bebés é o leite – preferencialmente, materno. Para os casos em que a amamentação em exclusivo não seja possível, recorre-se ao leite adaptado, sempre de acordo com as recomendações do médico assistente.
Aos seis meses surge a primeira mudança: a introdução dos sólidos. Em Portugal começa-se, geralmente, pela sopa. Primeiro, só de legumes; mais tarde, com carne ou peixe adicionados. Sem sal e com um fio de azeite. Fruta a rematar e temos uma refeição perfeita. De acordo com Cátia Pontes, “é nesta fase que é importante variar em sabores, em cores, em texturas e temperaturas para que a criança ganhe um conhecimento amplo dos vários alimentos, para além de permitir um melhor desenvolvimento dos maxilares e consequentemente da fala”. Até que se aproxima o primeiro aniversário, data em que, mais coisa menos coisa, as crianças começam a comer “de tudo”.
“Se escolhermos dar aos nossos filhos uma alimentação variada e equilibrada, com certeza que eles terão maiores capacidades cognitivas, maior resistência a infecções e um desenvolvimento físico mais harmonioso”, explica Cátia Pontes.
“O grande problema das gerações de pais actuais é a falta de tempo”, acrescenta a médica, criticando a vasta oferta de produtos alimentares pré-confeccionados destinados às crianças. Daí que a melhor estratégia seja planear. E, já agora, inclua as crianças no processo de escolha e de preparação das refeições. É a brincar que melhor se aprende.