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Saúde

Equipa de pedopsiquiatria de Leiria leva hospital à comunidade

Para a pedopsiquiatra responsável, os “sintomas que a criança ou jovem apresentam estão muito relacionados com o meio que frequentam e o seu contexto social familiar e escolar”.

Duas meninas de mochila às costas

A Equipa Comunitária de Saúde Mental para a Infância e Adolescência está a realizar atendimentos e consultadoria na comunidade desde outubro de 2023, aproximando a resposta de cuidados especializados às crianças e aos jovens.

A coordenadora desta equipa e do serviço de pedopsiquiatria da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria, Graça Milheiro, explicou à agência Lusa que a intervenção é realizada nos concelhos de Leiria, Marinha Grande, Nazaré e Porto de Mós.

“Estas equipas comunitárias têm um limite de população para atuar, pelo que escolhemos os concelhos tendo em conta a distância ao hospital, a psicopatologia nessa região – se é grave ou não – e os recursos que os concelhos possuem”, justificou.

Constituída por um pedopsiquiatra, dois psicólogos, um terapeuta ocupacional, um assistente social e um enfermeiro de saúde mental, a equipa desloca-se aos concelhos para dar consultas de atividade assistencial e individualizadas por cada técnico.

O trabalho passa ainda por consultadoria nos cuidados de saúde primários, onde podem discutir, capacitando técnicos e profissionais de saúde a lidar com casos como problemas de comportamento, perturbações de ansiedade, comportamentos auto lesivos ou disforia de género.

“A ideia é capacitar os colegas de Medicina Geral Familiar para poderem orientar e intervir nos casos menos graves, com a nossa supervisão”, assumiu, evitando-se assim a ida de jovens para o serviço de pedopsiquiatria, que está com “uma lista de espera brutal”.

“No fundo, é evitar que muitas crianças venham para o hospital e devolver alguns casos à comunidade, onde podem ser resolvidos, dando uma resposta mais célere. O próprio médico de família pode medicar algumas situações. Ou seja, vão para o hospital os casos realmente graves. E na nossa área também não há assim tantos casos graves”, afirmou a especialista.

A intervenção da equipa passa também pelas comissões de proteção de crianças e jovens, e pelas escolas, onde são realizadas reuniões com os psicólogos escolares.

“Podemos dar estratégias ou intervir em situações mais específicas. Levamos casos às reuniões, mas também nos podem apresentar casos ou abordar situações que já são acompanhadas”, esclareceu Graça Milheiro.

A pedopsiquiatra esclareceu que os “sintomas que a criança ou jovem apresentam estão muito relacionados com o meio que frequentam e o seu contexto social familiar e escolar”.

“Obviamente que a intervenção farmacológica é necessária em algumas situações, mas se o meio não mudar, a intervenção não altera nada. Isso é importante mesmo com problemas de comportamento. A equipa comunitária dá estratégias aos próprios professores para lidar com os jovens, que não são todos iguais, e também temos o treino parental”, revelou.

Esta é a base do projeto, adiantou Graça Milheiro, que salientou que a equipa vai ao “encontro das necessidades de cada concelho, que são diferentes”.

Sempre que lhes é solicitado algum apoio ou ação de formação, os elementos estão disponíveis para irem à comunidade.

“Já nos pediram para dar formação sobre o uso dos ecrãs ou sobre a ansiedade. Podemos fazer algumas intervenções também com pais, filhos, professores, funcionários. Um dos objetivos da equipa comunitária passa também pela promoção e prevenção da saúde mental”, referiu.

Criada no âmbito do plano nacional para a saúde mental, a equipa Comunitária de Saúde Mental para a Infância e Adolescência da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria já realizou 121 consultas médicas, acompanhando 75 crianças e jovens desde outubro.

Foram também efetuadas 122 consultas pela enfermeira de saúde mental a 60 utentes e 194 atendimentos a 65 crianças e jovens pelos psicólogos.

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