O Centro de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica (CAVVD) do distrito de Leiria registou um aumento do número de casos de violência doméstica em 2011, revelou a responsável pela Associação Mulher Século XXI, Isabel Gonçalves.
Em 2010, o CAVVD detetou 177 novos casos (num total de 546 situações acompanhadas pelos técnicos), enquanto este ano – e ainda sem apurar os dados completos relativos a dezembro – foram contabilizados 180 novos atendimentos num total de 584 processos em acompanhamento.
A presidente da associação responsável pelo CAVVD revelou que este ano há ainda a destacar “o aumento do índice de gravidade” dos casos acompanhados.
Em 2009, o CAVVD encaminhou 17 mulheres e crianças para casas abrigo, tendo encaminhado 26 em 2010 e 35 em 2011 (até 14 de dezembro), revelou a associação à agência Lusa.
“As agressões físicas das utentes que procuram a ajuda do Centro apresentam contornos cada vez mais lesivos e são, muitas vezes, vítimas de ameaças com armas de fogo e armas brancas”, explica a associação, acrescentando que são cada vez mais os casos em que as crianças presenciam as situações de violência doméstica, intervindo em socorro da mãe ou do pai.
Por outro lado, a Mulher Século XXI sublinha que, “existe um crescente número de vítimas que, pelo contexto da crise, prefere manter-se num espaço doméstico violento com a pessoa agressora, não perdendo assim o emprego e não tendo de recomeçar o seu projeto de vida a partir do zero”.
De 2010 para 2011 verificou-se um “ligeiro aumento” no número de vítimas do género masculino” – de nove para 12.
“Por questões de proximidade física e facilidade em termos de mobilidade”, as pessoas que recorrem ao CAVVD são oriundas dos concelhos de Leiria, Marinha Grande e Porto de Mós, refere a associação.
Contudo, há uma “forte incidência” em concelhos como Peniche, Bombarral e Caldas da Rainha, “mas a distância física e a incapacidade financeira para deslocações” tem afastado as pessoas do CAVVD, obrigando os técnicos a realizar o acompanhamento por telefone e a uma articulação dos casos com as autoridades policiais locais.
Os números registados, explicou Isabel Gonçalves à Lusa, levam a associação a continuar a apostar em ações de informação e sensibilização.
A partir de janeiro serão promovidas campanhas junto de professores e alunos do 3.º ciclo do Ensino Básico em escolas de três distritos (Leiria, Coimbra e Santarém) e seis concelhos (Leiria, Pombal, Castanheira de Pêra, Pedrógão Grande, Soure e Ourém).
As atividades vão incidir, tematicamente, sobre “Conciliação entre Vida Profissional, Familiar e Pessoal, Violência no Namoro e Tráfico de Seres Humanos para exploração sexual e laboral” e os alunos vão ser desafiados a criarem em cada escola “o Clube pela Igualdade e Não-Violência”, informou a presidente da Mulher Século XXI.
O projeto “Sentir + Cidadania” tem como população alvo 3.834 alunos e 256 professores.
Lusa