Mitt Romney, milionário e candidato à presidência dos EUA, segundo o próprio paga cerca de 15% de impostos, valor abaixo da média nesse país. Warren Buffet, autor da célebre frase “Há uma guerra de classes, mas é a minha classe, a dos ricos, que a está a fazer, e estamos a ganhar”, afirma que paga percentualmente menos impostos que os seus empregados.
Os políticos norte-americanos, que defendem impostos baixos para os ricos, dizem que são os ricos que criam riqueza e emprego e como tal devem ser favorecidos para poderem criar ainda mais. Mas, e quem vota nessas ideias, fá-lo também por essa razão? Há quem diga que não, que quem vota a favor de baixos impostos para os ricos, o faz porque acha que também um dia será ric@ e, como tal, está a votar para futuro proveito próprio.
Este otimismo exagerado é típico nos EUA, e se por cá esse defeito é raro, existem males parecidos: há muitas pessoas que se identificam com discursos anti-outros sem se aperceberem que estão mais perto desses outros do que do autor do discurso.
Da próxima vez que ouvir uma figura pública a culpar os desempregados, os funcionários públicos, os imigrantes ou até – pasme-se, os homossexuais! – pelos problemas do país, pense duas vezes antes de apoiar esse discurso, é que provavelmente quem o está a fazer também está a pensar em todos nós que usamos serviços públicos.
(texto publicado na edição de 10 de agosto de 2012)