A ex-presidente da Câmara Municipal de Leiria, Isabel Damasceno, foi ontem, 17, ouvida como testemunha numa sessão de julgamento de uma alegada viciação de classificações de árbitros, resultante de uma certidão extraída do processo Apito Dourado.
Na sessão, realizada na sala de audiência da 2ª Vara Criminal do Campus da Justiça, em Lisboa, Damasceno, questionada sobre uma conversa telefónica com Pinto de Sousa, confirmou ao colectivo de juízes o telefonema e esclareceu que apenas pretendeu realizar “um testemunho de carácter” do árbitro Carlos Amado.
“Conheço Carlos Amado, não como árbitro, mas como colaborador da Portugal Telecom. Ele pediu-me que telefonasse a Pinto de Sousa, porque Amado estava num concurso de árbitros. Não sabia, em concreto, as funções de Pinto de Sousa nem Carlos Amado me disse. Apenas fiz uma recomendação e Pinto de Sousa disse-me que iria ver o que podia fazer”, explicou.
Isabel Damasceno, que foi arrolada pelo Ministério Público para testemunhar, referiu que não sabia “de todo de classificações de árbitros” e que desconhece o que aconteceu a Carlos Amado, notando que não mais teve contacto telefónico com Pinto de Sousa, um dos 16 arguidos neste processo indiciados da prática de crime de falsificação de documentos para a promoção e despromoção de categoria de árbitros.
Recorde-se que a autarca chegou a ser constituída arguida no processo Apito Dourado (a 19 de Janeiro de 2005), mas a 13 de Fevereiro de 2006 foi notificada do arquivamento das suspeitas que sobre si existiam.
Na mesma sessão, um árbitro da segunda categoria nacional admitiu que foi beneficiado para ser promovido no final da época de 2002/03. Aurélio Afonso, indicado pelo Ministério Público (MP) para testemunhar no processo com 16 arguidos, disse que foi “prejudicado no ano anterior”, mas que acabou por subir no seguinte ao segundo escalão nacional.