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O único árbitro português que vai ao Mundial foi ao Café das Quintas

Olegário Benquerença, o árbitro internacional leiriense e o único português nomeado para o Mundial de futebol de África do Sul, participou na tertúlia “Café das Quintas”. E falou da nomeação, do seu percurso e das dificuldades por que passa um árbitro de futebol.

Olegário Benquerença, o árbitro internacional leiriense e o único português nomeado para o Mundial de futebol de África do Sul, participou na tertúlia “Café das Quintas”. E falou da nomeação, do seu percurso e das dificuldades por que passa um árbitro de futebol.

Com uma carreira plena de internacionalizações, Olegário Benquerença falou sobre as expectativas para o maior evento do futebol mundial, e referiu, bem-humorado, que espera “em primeiro lugar, chegar vivo à data de embarque para a África do Sul, e em segundo lugar, estar em forma física, mental e técnica que me permita ter um bom desempenho”.

Olegário Benquerença contou que o futebol está na sua vida desde que nasceu, uma vez que o seu pai também era árbitro. “A bola era parte de mim, fazia parte do meu dia-a-dia”, contou o árbitro leiriense, e “foi por causa da bola que levei a primeira palmada”, confessou. Jogava futebol de rua na escola, sempre que podia, e com sete anos fez a sua estreia como árbitro num jogo de adultos. “Vesti o equipamento do meu pai sem ele saber e fui arbitrar um jogo”, contou.

Ainda jogava futebol quando fez a sua formação para árbitro, tinha 17 anos, e quando teve que optar entre jogar e arbitrar, mesmo antes de entrar no escalão sénior, escolheu a arbitragem, para se tornar, mais tarde, no árbitro mais novo a atingir a primeira categoria, aos 25 anos.

“As sensações que se têm num campo de futebol, com duas equipas e 50.000 pessoas a assistir, são únicas e indescritíveis”, confessa Olegário Benquerença, que acrescenta: “Ao fim de dois ou três minutos bloqueamos os sentidos de jogo vai-se tudo, perdemos o ambiente à nossa volta e nem sabemos quem está a jogar, não interessa”. Fora do campo as críticas também são duras, “ninguém quer entender os árbitros, ninguém está interessado em ouvir o seu ponto de vista, os árbitros são sempre os culpados quando o clima é de desresponsabilização permanente”, comentou o internacional leiriense.

No final da conversa, o árbitro de Leiria apontou como referências Pierluigi Colina, a nível internacional, e Vítor Pereira, a nível nacional. Os jogos que mais o marcaram foram, em termos positivos, o Milão – Manchester United, um jogo com “duas das melhores equipas do mundo”, e o Bayern Munique – Fiorentina, “pelo incrível ambiente que se vivia naquele estádio”.

Em termos negativos destacou o jogo Vitória de Guimarães – Benfica, em que morreu Miklos Fehér: “Foi um momento muito difícil, que marcou para sempre a minha vida”, comentou Olegário Benquerença.

A tertúlia “Café das Quintas” regressa no próximo dia 6 de Maio, com Luís Amado, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, e Henrique Pinto, médico, professor e presidente do Orfeão de Leiria.


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