A Marinha Grande assistiu quinta-feira, 13 de Maio, a um encontro inédito: representantes de cerca de 30 agrupamentos de música folk tradicional de todo o país reuniram-se em congresso na cidade.
“Identidades – A música tradicional hoje” juntou elementos de bandas como Dazkarieh, Uxukalhus, Galandum Galundaina, Roncos do Diabo, Quadrilha, entre diversos outros, numa jornada de intenso debate, discussão e criação.
“Foi a primeira vez que todos estes músicos estiveram juntos, a exprimirem opiniões, a argumentarem, a partilharem as suas opiniões”, lembra Paulo Tojeira, dos Tocándar, num balanço final do congresso.
A iniciativa pertenceu às associações Tocándar e Uxukalhus e resultou num “encontro entre o melhor da música que se faz em Portugal na área do folk tradicional”, um estilo cada vez mais em voga, promovido em concertos e festivais por todo o país ao longo do ano, e que tem a sua manifestação em maior escala no festival Andanças, em S. Pedro do Sul.
Na Marinha Grande, o encontro revelou que “há diferentes formas de fazer as coisas, de abordar a música tradicional, de a ensinar”, conta Paulo Tojeira.
“A primeira conclusão que saiu do congresso é que de facto vale a pena estarmos juntos. Essa conclusão ninguém tirou mas todos sentiram”, realça o organizador.
Do encontro resultou a decisão de criar uma “plataforma comum de intervenção” para “dar visibilidade nacional e internacional a todos estes projectos”.
A ideia passa pela criação de um site com área de venda dos trabalhos editados pelos projectos e divulgação das actividades.
Paulo Tojeira lembra que se está “a fazer muita coisa boa, a partir da música tradicional, mas o ensino da música em Portugal é muito débil”, saindo prejudicado o património tradicional.
“Para algumas pessoas a música tradicional, a música com que têm a ver, a música que lhes diz alguma coisa e que os faz vibrar é a da Madonna ou do Michael Jackson, que são as músicas que ouvem na rádio e as únicas com as quais têm contacto. Por outro lado, quando se fazem pesquisas sobre música tradicional, às tantas estão pessoas do povo a cantar-nos coisas que de facto não são tradicionais (de identidade) mas que têm a ver com aquilo que ouviram e que já estava contaminado com outras músicas… Há que alterar rapidamente essa realidade”, conclui Paulo Tojeira.
(alterado a 16 de Maio de 2010)