O Clube Náutico de São Martinho do Porto, em Alcobaça, está a promover um abaixo-assinado para contestar a eventual desclassificação do porto, que a avançar vai impedir a atracagem de uma grande percentagem de embarcações.
Actualmente o porto de S. Martinho tem o estatuto de secundário e, caso seja desclassificado, passaria para núcleo de turismo e lazer.
O presidente do clube, Alexandre Quadrio, afirmou hoje à agência Lusa que a desclassificação “consta no Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo, já aprovado”, mas a desclassificação “carece de portaria” que a coletividade “vai, por todos os meios, tentar impedir que aconteça”.
Alexandre Quadrio explicou que “o facto de não ser porto limita o tipo de embarcações que chega à baía de São Martinho”.
“Um dia deste mês contabilizei 107 embarcações. Se a situação for alterada, pode afetar 90 por cento delas”, declarou, apontando as consequências da desclassificação para o tecido económico e social da vila.
Admitindo que em agosto há sempre um aumento de embarcações ao largo da vila, o dirigente anotou, contudo, que “só não há mais, porque não há infraestruturas condignas”, defendendo um investimento nesse sentido.
“As pessoas levam os barcos para outros sítios porque não têm onde os guardar aqui”, disse, acrescentando: “Queremos, efetivamente, um porto, quer para a pesca, quer para a náutica de recreio. A pesca não está a morrer, é uma alternativa para pessoas que se viram desempregadas”.
O abaixo-assinado, que já reuniu centenas de assinaturas, refere que São Martinho do Porto é, “desde os tempos dos romanos, um porto natural que os monges de Cister não esqueceram na carta de foral, datada de 1257”.
“Até aos nossos dias cumpriu o seu dever, ao abrigar todos os que praticam a pesca, não esquecendo quando aqui recebíamos os pescadores da Nazaré, e, hoje, os praticantes da náutica de recreio”, lê-se no texto que acompanha o abaixo-assinado.
De acordo com o documento, “encontram-se registadas na Delegação Marítima de São Martinho do Porto 26 embarcações de pesca marítima e inscritos 49 pescadores profissionais, operando, no mínimo, mais três embarcações do porto de Peniche na apanha das algas, para a qual foram passadas 70 licenças no ano transato”.
Por outro lado, os subscritores entendem que “não se pode desvalorizar as 1300 embarcações de recreio registadas e as milhares de cartas de Marinheiro, de Patrão Local e de Patrão de Costa emitidas e cuja formação foi garantida pelo clube”.
“Estes números têm obrigatoriamente de aumentar”, defendem os subscritores, considerando ser necessária a criação de “condições de entrada da barra, infraestruturas para fundear e aportar as embarcações com comodidade, segurança e operacionalidade, garantindo os serviços necessários ao exercício” de porto de pesca e de recreio.
As assinaturas recolhidas deverão ser entregues às autoridades do setor dia 18 de setembro quando, em São Martinho do Porto, se assinala o Dia Mundial do Mar.