A Câmara Municipal de Leiria cedeu um apartamento à associação “Mulher Século XXI”, espaço que até ao final do ano vai ser transformado numa casa de emergência para vítimas de violência doméstica.
A presidente da associação, Maria Isabel Gonçalves, disse hoje à agência Lusa que o objetivo é abrir a casa abrigo até dezembro, explicando que “os próximos passos passam por obter apoios da Segurança Social para a colocar em funcionamento”.
Maria Isabel Gonçalves, que é também coordenadora do Centro de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, sediado em Leiria e de âmbito distrital, salientou a “grande dificuldade em disponibilizar alojamento a vítimas de violência que, de um momento para o outro, têm necessidade de uma resposta”.
A responsável apontou que no distrito “apenas existe um espaço destes, em Pombal, e nem sempre tem vagas”, pelo que resta o recurso a outras casas no país.
“Este verão tivemos muita dificuldade em ter quartos onde as vítimas pudessem ficar e a própria Segurança Social teve de colaborar para arranjar quartos”, precisou, referindo a este propósito “uma mulher, com cinco filhos, que de um momento para o outro teve de sair da sua casa”.
Segundo Maria Isabel Gonçalves, a casa abrigo de Leiria pretende ser um “espaço de emergência e de transição” para que durante a estadia da vítima – “nunca mais que um mês” – se possa “desenvolver o trabalho em relação ao seu futuro”.
Com capacidade para oito pessoas, o apartamento, de tipologia T3, foi adquirido pelo município de Leiria por cerca de 50 mil euros no decurso de uma hasta pública efetuada pelas Finanças.
O Centro de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica do distrito de Leiria abriu portas em fevereiro de 2007 e já atendeu 718 utentes, adiantou a dirigente.
“Este ano, de janeiro a julho, 118 pessoas recorreram ao centro e encaminhámos para casas abrigo 31 mulheres e 26 crianças”, acrescentou, explicando que entre os utentes “encontram-se três homens vítimas de violência psicológica”.
De acordo com Maria Isabel Gonçalves, “entre crianças, mulheres e homens, 79 utentes tiveram este ano apoio psicológico”.
As vítimas que recorrem ao centro são reencaminhadas pela PSP, GNR, Comissões de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, Segurança Social, Instituto de Reinserção Social e linha de emergência social 144, afirmou a responsável.