O advogado do ex-deputado socialista Carlos Lopes, acusado de corrupção, tráfico de influências, peculato e falsificação de documentos, afirmou hoje à Lusa que vai pedir a abertura da instrução do processo porque considera que o despacho de acusação não está sustentado.
“O que está na acusação não corresponde aos 19 crimes de corrupção” de que o ex-deputado é acusado, afirmou à Lusa o advogado Magalhães e Silva.
Além dos 19 crimes de corrupção passiva, o Ministério Público deduziu uma acusação que inclui suspeitas de um crime de tráfico de influências, dois de peculato e um de falsificação de documentos.
“Tal como estão descritos [os factos] terão havido ilegalidades mas não crimes de corrupção”, considerou o advogado.
Também o arguido, que é o atual chefe de gabinete do governador civil de Leiria, negou a prática dos crimes de que é acusado.
“O que está na acusação confirma que não retirei um cêntimo em benefício pessoal em circunstância alguma”, salientou à Agência Lusa o ex-deputado socialista.
Carlos Lopes realçou que na “perspetiva dos investigadores” terá utilizado a sua “condição de deputado para angariar fundos para a campanha eleitoral” às autárquicas de 2005.
No entanto, Carlos Lopes referiu que “nunca” tirou partido de ser deputado na Assembleia da República para pedir alguma coisa.
“Não houve promessa de nenhum favor, nem ninguém recebeu qualquer prémio ou teve obras adjudicadas em troca de dinheiro para a campanha”, sublinhou Carlos Lopes que diz manter condições para continuar a ocupar o cargo de chefe de gabinete no Governo Civil de Leiria.
Opinião semelhante tem o governador civil, José Paiva de Carvalho, que disse manter a sua confiança em Carlos Lopes.
O governador civil recordou que “até ser-se condenado todas as pessoas são inocentes. Até que se prove o contrário, mantenho total confiança”, acrescentou.
“Ontem, na sessão da reunião de câmara de Figueiró dos Vinhos, os colegas do PSD solidarizaram-se com Carlos Lopes, o que mostra que quem anda envolvido na política pode ser apanhado nestas situações”, exemplificou Paiva de Carvalho.