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Cultura

“Tijolo Parade” contagia Maceira: Ensinar cidadania recorrendo à arte

Parece, à partida, uma ideia bizantina que quer casar água e azeite num mesmo prato. Na EB 2,3, Secundária da Maceira, a “arts and culture glocal” anda a fazer das suas: a ensinar que somos todos diferentes e todos iguais à força de tanto pintar e destruir tijolos

Sabe que há alunos da escola da Maceira a guardarem tijolos nos cacifos? E que outros andam a destruir tijolos à frente de professores e funcionários da escola? Fazia alguma ideia de que boa parte desta rapaziada andou a escrever e a pintar paredes das salas de aula, sem que nenhum deles tenha sido punido?

Chama-se “Tijolo Parade” o que à partida podia parecer puro vandalismo, neste caso instigado por professores – com a docente Genoveva Oliveira a agir como cabecilha -, mas pode resumir-se numa ideia simples: usar a arte e aprender cidadania dentro da escola, para construir, tijolo a tijolo, um mundo lá fora feito de tolerância e respeito pela diferença.

“Estes alunos que vivem numa terra pequena como a Maceira e cuja maior parte deles não teria possibilidade de ir a um museu ou a uma galeria, teve contacto com artistas locais com projecção, como Abílio Febra e Maria João Franco”, e prepara-se para se pôr a caminho do Museu do Moinho de Papel, o que significa que este “Tijolo” não é tão “Parade” quanto isso.

Neste caso, o percurso começa na disciplina de História e Cultura das Artes. Traz consigo os alunos do ensino profissional multimédia e entra por outra disciplina dentro, a de Área de Integração, dá boleia a alunos do 10º, 11º e 12º anos, ao grupo de Teatro e a outros jovens do 7º, 8º e 9º anos e acaba a contagiar as improváveis disciplinas de Matemática, Informática e Físico-Química.

Pega em docentes, funcionários e até na comunidade que pulula fora dos portões da escola. “Há reflexões em sala de aula, através da discussão de conteúdos, da observação de imagens, sobre a diversidade cultural que existe no nosso país que tem de ser aceite. Temos de aceitar o outro pela cor da pele, pelos hábitos diferentes, pela forma diferente de vestir”, sublinha a professora Genoveva Oliveira.

Boa parte do projecto espreguiçou-se à sombra de algumas árvores, casando a pintura ao ar livre e o bom tempo. Chegou-se a ensaiar a construção de uma casa – no ano em que esta casa que é a escola da Maceira assinala 25 anos – mas a experiência acabou com a destruição dos tijolos.

Afinal, para quê? No blog criado para tatuar na net o Tijolo Parade explica-se que “é uma metáfora. (…) ‘Tijolos partidos’ é a luta por uma escola de inclusão que se deseja com melhores condições para todos, são os obstáculos que atravessamos em 25 anos de construção da casa, em que nada está pronto, porque uma construção faz-se diariamente e com todos”.

João Carreira
joao.carreira@regiaodeleiria.pt

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