O Natal não podia ter sido mais generoso. Quinta-feira, 23 de Dezembro, Alexandre Conde, de dez anos, regressou a casa em Barreiros, Amor, com a prótese com que sonha correr nas pistas de tartan.
Para já, irá tentar adaptar-se à nova perna para a qual se preparou no último ano. Alexandre, recorde-se nasceu sem o fémur direito.
No ano passado, foi submetido a uma rotoplastia e amputação do pé de modo a poder utilizar a prótese.
Esteve depois cinco meses com gesso da cintura até aos joelhos, nas duas pernas, conta a mãe (Helena), que na passada semana também viu concretizado um sonho: ver o filho andar sem muletas.
A prótese endoesquelética que Alexandre recebeu tem a particularidade de se ajustar melhor ao corpo, mas serão necessários meses e meses de fisioterapia para fortalecer a parte muscular e conseguir um tipo de marcha quase normal.
“Já andei algumas horas, é uma sensação muito fixe”.
É fixe mas não é fácil, admite Alexandre, que terá agora de lutar para controlar a prótese e ultrapassar as dores musculares.
Ainda não pode correr nem saltar mas já tentou fazer o “moonwalker”. “Não consegui”, confessa Alexandre, que irá partilhar o nome com a associação que a mãe pretende criar para promover o desporto adaptado para crianças com deficiência.
“Este não é o fim de um ciclo, é o início”, garante Helena Conde, que nos últimos meses se desdobrou em iniciativas para angariar os fundos necessários à aquisição da prótese, avaliada em cerca de dez mil euros.
“Não há material ortopédico nem uma lei que facilite a prática desportiva para crianças como o Alexandre”, justifica, referindo ter procurado durante seis anos um clube que aceitasse o filho.
Naide Gomes e o atleta paralímpico Alberto Batista terão já aceite o convite para apadrinhar a associação que pretende apoiar outras famílias.
Martine Raínho
martine.rainho@regiaodeleiria.pt
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