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Metade das crianças não viaja em segurança

No ano passado, 83% das famílias já utilizavam cadeirinhas no automóvel, uma subida acentuada relativamente a 1996

Em Portugal, as mortes de crianças na sequência de acidentes rodoviários diminuíram 73%, mas, mesmo assim, morreram quase mil crianças nas estradas portuguesas entre 1998 e 2009.

De acordo com a Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), responsável por este estudo, os acidentes rodoviários continuam a ser a maior causa de óbito na infância e adolescência.

O modo como viajam estabelece a diferença. No ano passado, 83% das famílias já utilizavam cadeirinhas no automóvel, uma subida acentuada relativamente a 1996, em que a percentagem era de 16%. No entanto, em metade dos casos, a cadeira é incorrectamente instalada, o que significa que a criança não está devidamente protegida.

“Considera-se negligência se os pais não transportarem a criança em segurança; os riscos são grandes e podem vir a perder um filho porque não tomaram as devidas cautelas”, afirma Bilhota Xavier, responsável pelo serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria-Pombal (antigo Hospital Santo André). O médico recomenda o transporte sempre no banco de trás, nas traseiras do banco do passageiro da frente, mantendo a cadeira contra a marcha do veículo até aos três ou quatro anos de vida. “Uma criança transportada nestas condições, em cada dez que tenham um acidente, nove não tem lesões que ponham em causa a sua vida ou a sua qualidade de vida futura”, porque “há significativa redução do número de lesões da coluna cervical”, além de serem evitadas “grandes hemorragias cerebrais” relacionadas com a desaceleração, explica.

Helena Sacadura Botte, coordenadora do núcleo de Coimbra da APSI, concorda com a ideia: “Quando a criança vai virada de frente, o impacto provoca um estiramento grande e probabilidade elevada de lesão na coluna cervical. O ideal é viajar contra a marcha até o mais tarde possível”, sublinha.

Lembra a técnica de segurança infantil que a primeira preocupação dos pais deve ser escolher uma cadeira adequada ao tamanho e peso da criança. Depois, devem estar atentos a possíveis incompatibilidades com o veículo – podendo até realizar um teste – e finalmente devem verificar que instalam a cadeira correctamente, nomeadamente respeitando as instruções do fabricante.

A sequência actualmente recomendada pela APSI é a seguinte: primeiro o ovo, até o mais tarde possível, com limite nos 13 kg; depois uma cadeira 0+1 (até aos 18 kg), inicialmente transportada contra a marcha e mais tarde de frente (em alternativa, existem dois modelos em Portugal que permitem já o transporte contra a marcha até mais tarde); a partir dos 15 quilos e três anos de idade, para a criança viajar virada de frente, a cadeira de apoio, “leve e fácil de utilizar, é o sistema mais adequado”, recorrendo ao cinto do automóvel para prender a criança e a cadeira como um todo, aponta Helena Botte.

Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt

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