Brinquedos no quarto, na sala, na cozinha, no escritório, no corredor. Brinquedos que parecem chegar de toda a parte, dos avós, dos amigos, dos tios, dos padrinhos. Brinquedos que parecem chegar em qualquer momento: no Natal, nos aniversários, na Páscoa. Afinal, quantos, e quando, são de mais?
“Hoje em dia aquilo que acontece é um bocadinho fruto da massificação, de sermos expostos desde muito cedo a um excesso de estímulos, e isso aplica-se também aos brinquedos”, começa por explicar o psicólogo Paulo José Costa. “Se quisermos fazer um paralelismo com o tempo dos nossos pais e avós, havia objectos que eram introduzidos desde cedo e que provavelmente tinham um carácter apelativo e cumpriam exactamente a mesma função que os brinquedos que nós temos hoje. Quanto mais brinquedos existem mais o foco de atenção fica disperso”.
Acima de tudo, o técnico de saúde recomenda bom senso. “O brincar é extremamente importante para a promoção de competências. Na primeira infância, as crianças têm os chamados objectos transitivos, que têm um carácter securizante, e muitas vezes não tem que ser um brinquedo objectivamente, pode ser uma etiqueta de uma camisola”, indica Paulo José Costa.
Assim, algumas decisões simples podem facilitar o processo: introduzir poucos brinquedos de cada vez, guardar o excesso dos natais para o resto do ano, deixar a criança seleccionar o que lhe interessa. “Uma das minhas sugestões é que diariamente os pais tenham um momento de brincadeira livre com a criança, sem regras, em que ela própria conduz o processo”, refere o psicólogo.
Cláudio Garcia
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