O Hospital de Santo André, em Leiria, vai implementar a partir de hoje, 28 de Junho, um sistema no serviço de Pediatria para tornar mais segura a administração de medicamentos a crianças.
“Estamos a lidar com vidas humanas e queremos reduzir ao máximo a possibilidade de erro”, justifica o director da unidade, Bilhota Xavier, explicando que se trata de um sistema que vai permitir a execução da regra dos “cinco certos”: administrar o medicamento certo ao doente certo e na dose, via e hora certas.
Segundo o médico, o sistema, extensivo à Unidade de Cuidados Especiais Neonatais e Pediátricos e denominado “Medicheck”, possibilita “a redução em mais de 90 por cento da possibilidade de ocorrer um erro quer na preparação, quer na administração do medicamento”.
O “Medicheck” prevê, aquando do momento da prescrição do medicamento, a emissão de uma etiqueta com um código de barras anexa ao nome da criança que é colocada no medicamento a administrar no momento da sua preparação, explicou Bilhota Xavier à agência Lusa.
Depois, na administração do medicamento, o elemento da enfermagem, através de um “PDA”, valida “o código de barras do medicamento e o código de barras que se encontra na pulseira de identificação da criança”, confirmando se se trata do remédio para o utente em causa e que vai ser administrado na dose, via e hora determinadas.
De acordo com o responsável, todo este processo, incluindo a indicação de quem administrou o medicamento, é transmitida através da rede sem fios para o sistema informático do serviço e para o processo eletrónico de enfermagem, evitando-se a transcrição manual.
“O serviço tem uma política de segurança a vários níveis, mas queremos aumentar esta segurança na área do medicamento, que é um dos erros mais frequentes na medicina, principalmente em cuidados de saúde hospitalares”, assinalou Bilhota Xavier, que não dispõe de números de eventuais erros na administração de medicamentos no serviço que dirige, trabalho que “está a começar a ser feito”.
O diretor da Pediatria, que revelou desconhecer a existência de um sistema como este no país, pelo que o classificou de “pioneiro”, adiantou que a unidade de saúde está a desenvolver sessões de formação, destinadas a todos os profissionais, incentivando a comunicação dos erros quando ocorrem.
“A comunicação pode ser anónima, o que interessa ao hospital é a identificação do erro para que não torne a acontecer”, declarou, sublinhando que “participar um erro é contribuir para a melhoria substancial dos cuidados de saúde, evitando que se perpetue”.
A implementação do “Medicheck” custou 46 mil euros e foi financiada pelo projeto “Missão Sorriso” dos hipermercados Continente.