O julgamento do presidente e administradores da União de Leiria SAD pelo crime de abuso de confiança fiscal na forma continuada começou no Tribunal de Leiria, com a revelação de que a sociedade tem dificuldades em manter a actividade.
No processo são arguidos João Bartolomeu e os administradores António Bastos e Mário Cruz, acusados de não entregarem às Finanças um total de 356.644,41 euros, relativos ao IRS, retido na fonte, dos salários de funcionários, jogadores e treinadores de Março a Outubro de 2009.
Na primeira audiência, o Tribunal ouviu a anterior e actual Técnica Oficial de Contas (TOC) da SAD, que revelaram as dificuldades de tesouraria da sociedade que gere a equipa da Liga portuguesa de futebol.
Nélia Santos, que desempenhou funções até 2009, assumiu que a SAD precisava frequentemente de “injecções de dinheiro” para fazer face às “dificuldades de liquidez” que afectavam “a manutenção da actividade”. “Havia dificuldades de tesouraria e em gerar receitas. Iam poucos adeptos aos jogos”, testemunhou.
No mesmo sentido foram as declarações da actual TOC, Elsa Lopes: “As receitas não chegam para as despesas. Têm de ser os administradores a injectar capital”.
Ambas as testemunhas apontaram no sentido de ser uma outra funcionária da SAD, falecida em julho de 2011, quem assumia a administração financeira da sociedade. Segundo disseram em tribunal, era dela – e não de algum dos arguidos – que recebiam ordens quanto à área financeira.
Em Tribunal, uma inspectora tributária da Direção de Finanças de Leiria, confirmou a existência daquela dívida.
Desde setembro de 2010, a União de Leiria SAD pagou sete das 120 prestações fixadas por um processo extrajudicial de conciliação, para pagamento faseado das dívida ao Estado. Actualmente a dívida ronda os 70 mil euros.
A próxima sessão do julgamento está agendada para 22 de novembro.