Há uma nova entrada no roteiro queirosiano de Leiria: a pintura mural do “artista mistério”, em torno do amor entre Amaro e Amélia, vem relembrar a passagem de Eça Queirós pela cidade.
Em 30 de Junho de 1870, Eça de Queirós tomou posse como Administrador do Concelho. Foi em Leiria que escreveu parte substancial de “O Crime do Padre Amaro”, que inspira a mais recente pintura do “artista mistério”. É mais uma a juntar às que, em 2011, surgiram em espaços públicos da região.
O trabalho, na rua que sobe para o Castelo, em frente à Sé de Leiria, veio relembrar a presença de Eça de Queirós na cidade. Uma presença minuciosamente abordada num roteiro elaborado há cerca de uma década, por Orlando Cardoso.
O guia é um convite para um passeio por Leiria, acompanhando os passos de Eça (e também do padre Amaro).
“Logo no início da obra, ele começa por dizer que esta é uma história de beatas, contada à sombra de uma Sé de província. Leiria era uma cidade, em termos de costumes e económicos, extremamente atrasada”, nota Orlando Cardoso.
É esse cenário que o roteiro Leiria Queirosiana segue, convidando a descobrir a relação entre os espaços da cidade e Eça de Queirós.
Em “O Crime do Padre Amaro”, “o único romance realista da obra de Eça de Queirós”, é recriado um ambiente urbano, “que pode ser Leiria como qualquer outra da segunda metade do século XIX, nos seus costumes, hábitos e beatices”, sobretudo “a influência na Igreja, extremamente reaccionária e retrógrada”, sublinha o investigador.
O desenho que agora surge na parede em frente à Sé, onde se lê ainda a frase “seu nome era Amaro Vieira”, é “uma forma diferente de lembrar que o Eça esteve em Leiria”. É também uma oportunidade para recordar o roteiro Leiria Queirosiana, de Orlando Cardoso, que pode ser descarregado aqui.