Cerca de três quilómetros de chouriço começaram sábado a ser fumados num fumeiro comunitário, em Salir de Matos, no concelho das Caldas da Rainha, numa iniciativa que deverá render cerca de dez mil euros para obras sociais.
“Durante todo o dia de hoje [sábado] são enchidos 22 maços de tripas com 150 metros cada, que vão dar mais de três quilómetros de chouriço para ser vendido durante a festa”, disse à Lusa Lurdes Sábio, da comissão da Fábrica Paroquial de Salir de Matos.
A produção chouriços é uma iniciativa da comissão que se vem realizando há dezenas de anos e que tem ganho novo fôlego com “a participação da população não só desta, mas de todas as aldeias da freguesia”, explica João Fialho, da organização.
A preparação da festa começa cerca de um mês antes com a encomenda dos porcos aos matadouros.
“Este ano comprámos 28 porcos, que deram 4650 quilos de carne”, concretiza Lurdes Sábio, envolvida no corte e tempero dos porcos.
À carne foram juntos 15 quilos de alho, 25 quilos de colorau, cinco quilos de piripiri, 50 quilos de sal e 310 litros de vinho.
A mistura, depois de marinar desde quarta-feira passada, foi colocada dentro dos 3,3 quilómetros de tripa que vão resultar em 6960 chouriços feitos numa tenda montada no largo da aldeia.
Até à noite, cerca de duas centenas de varas com os chouriços foram penduradas em dois fumeiros comunitários onde “ficam a curar até ao próximo sábado (dia 13) para serem vendidos na festa”, acrescenta João Fialho.
Se “a crise não se sentir muito”, a expetativa da organização é que sejam “todos vendidos”, o que deverá render, durante os dois dias de festa, “à volta de dez mil euros” que serão aplicados em projetos da fábrica paroquial.
“O nosso objetivo é angariar fundos para construir um centro de convívio, que sirva também para as crianças terem catequese e outras organizações da freguesia”, explica Carlos Sábio, há mais de trinta anos ligado às finanças da Fábrica Paroquial.
A verba conseguida nos últimos anos possibilitou a aquisição de casas antigas, junto ao largo da igreja, onde o novo centro irá ser construído.
Mas, para além dos 70 mil euros gastos na compra dos imóveis e dos 30 mil reservados para pagar o projeto, falta angariar a restante verba para o centro, orçado em cerca de meio milhão de euros.
“Precisamos de vender muito chouriço e esperamos, mais uma vez, esgotar todo aquele que está a ser feito”, sublinham os organizadores.
Mas se assim não for, ressalva João Fialho, “o esforço de toda a população valerá sempre a pena” não só pelo convívio mas, sobretudo, “por se conseguir manter viva uma tradição que se está a passar para as gerações mais novas”.
Lusa