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Sociedade

Farol de S. Pedro de Moel: Há cem anos a colorir o mar (fotogaleria)

Todos os dias um dos faroleiros sobe, bem cedo, os 151 degraus até lá acima, para correr as cortinas do Farol do Penedo da Saudade. Esta quarta-feira, o farol de S. Pedro de Moel completa cem anos.

Todos os dias um dos três faroleiros sobe, bem cedo, os 151 degraus até lá bem acima, para correr as cortinas e proteger dos raios solares o delicado – mas robusto – sistema ótico de origem francesa do Farol de S. Pedro de Moel.

Ao fim da tarde, quando o sol parte e a noite chega, há mais 151 degraus à espera: há que destapar as janelas e deixar a luz do farol penetrar mar e céu adentro, avisando barcos e aviões que a terra é já ali.

É assim há cem anos, desde que o Farol do Penedo da Saudade foi inaugurado, no dia 15 de fevereiro de 1912.

Esta quarta-feira, a ocasião é assinalada com a inauguração de uma exposição, “Farol Penedo da Saudade: 100 anos a colorir o mar”, e o descerramento de uma placa evocativa, a partir das 10h30. O momento contará com um apontamento musical dos alunos da Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte.

Para celebrar o centenário ainda, o farol receberá visitas de 15 de fevereiro até 4 de março, das 14 às 17 horas. Depois, as visitas continuarão sempre às quartas-feiras.

Leia mais sobre o Farol do Penedo da Saudade na página 8 edição do REGIÃO DE LEIRIA de 10 de fevereiro de 2012.

 

Joaquim Dâmaso (fotografias)
joaquim.damaso@regiaodeleiria.pt

A Lenda do Penedo da Saudade

Os marqueses de Vila Real foram donos de Moher, hoje denominado São Pedro de Moel (…). O Duque de Caminha, D. Miguel Luís de Menezes, filho do Marquês de Vila Real, vivia feliz em Moher com a sua jovem esposa, a Duquesa D. Juliana Máxima de Faro, filha dos Condes de Faro.

Num dos seus passeios a cavalo, nas arribas junto ao mar, pararam os dois sobre o promontório. Como estavam muito enamorados, ali fizeram as suas juras de amor eterno e expressaram o seu carinho.

Naquele local, misturadas com o mato nasciam pequenas e belas flores cor-de-rosa, eram tão raras que só se encontravam naquele sítio, e o duque gostava de oferecer raminhos destas flores à sua esposa. (…) Para eles este sítio era maravilhoso, um verdadeiro paraíso. Tiveram de regressar a Lisboa.

Tinha-se dado a Restauração de Portugal e era nosso rei D. João IV. O título de duque de Caminha tinha sido dado a D. Miguel pelo Rei Filipe III e D. João IV tinha-lho confirmado em 1641. O pai do duque, o marquês de Vila Real, a quem o rei D. João IV tinha também confirmado o título e concedido o lugar de Conselheiro de Estado, não estava satisfeito e começou, junto com outros, a conspirar contra o rei.

Fez então uma reunião (…) e pediu ao filho que estivesse presente. O filho participou nesta reunião para dissuadir o pai das intenções que este tinha contra o rei.

No dia seguinte, o rei já sabia de tudo e mandou prender todos os participantes nessa reunião. A duquesa bem pediu ao rei que perdoasse o seu marido, mas este não lhe concedeu o perdão.

Foi-lhe sentenciada (…) a pena morte. No dia a seguir à execução do duque, a duquesa veio para a praia de Moher, pois só ali podia recordar os mais belos momentos da sua vida. Decidiu nesse momento, ir passear para aquele penedo sempre que o tempo lho permitisse.

Ali estavam em seu redor as belas flores rosas e perfumadas que o seu amado lhe oferecia. A estas flores a duquesa deu o nome de Saudades, e ao local o nome de Penedo da Saudade.

(in Cheiros e Sabores das Nossas Terras – Projeto 4 Cidades – outubro de 2004)

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