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Sociedade

Escudo volta a ser usado em lavagem de automóveis nas Caldas da Rainha

O escudo voltou a ser usado num centro de lavagem de automóveis das Caldas da Rainha. Até final de março é possível pagar serviços com as antigas notas.

"Elefante Azul" apenas aceita notas e inspirou-se numa campanha semelhante feita em Espanha

O escudo voltou a ser usado num centro de lavagem de automóveis das Caldas da Rainha, onde até final de março decorre uma campanha em que os serviços podem ser pagos com as antigas notas.

“Já recebemos desde notas de 200 a 10 mil escudos e estimamos recolher até ao final entre 150 a 200 contos (mil euros)”, disse à agência Lusa Orlando Higino, mentor da campanha lançada pelo Centro de Lavagem de Automóveis “Elefante Azul”, nas Caldas da Rainha.

O objetivo é “proporcionar às pessoas a possibilidade de usarem as notas que tinham guardadas em casa, sem terem que trocá-las por euros”, explica o proprietário do centro ressalvando não fazer “câmbio” e só aceitar as notas “no pagamento do serviço”.

A campanha lançada no início de março tem tido “bastante adesão” por parte de antigos e novos clientes que, segundo Orlando Higino, “veem as faixas publicitárias com a inscrição ‘pague em escudos’ e vêm cá informar-se”.

A maioria regressa depois com antigas notas com as quais pagam a lavagem, recebendo o troco em fichas ou no carregamento de uma pen na qual são carregados créditos para lavagens futuras.

Só na última semana o centro recebeu 29 contos em notas a partir dos 200 escudos (a mais baixa aceite ainda pelo Banco de Portugal), entre as quais uma nota de dez mil escudos.

“A maior parte são notas com pouco uso, guardadas para colecionar ou para mostrar aos filhos e netos, mas que agora, com a crise e a falta de euros, as pessoas resolvem usar”, explica.

A experiência tem proporcionado também aos aderentes uma maior consciencialização do aumento do custo de vida entre os tempos do velho escudo e atual euro.

“Muitas pessoas ficam espantadas quando pagam com uma nota de cinco contos, à espera que isso chegue para muitas lavagens (que rondam em média entre os dois e os três euros) e recebem troco para perfazer 25 euros”, conta.

Muitos mais chegam “carregados com sacos de moedas, a pensar que podem ser trocadas, mas não aceitamos”, conta.

Curiosamente, a troca tem sido sempre feita por homens, e na sua maioria, não muito jovens.

Uma notícia sobre uma loja de eletrodomésticos, em Espanha, que aceitou pagamento em pesetas e recolheu muitos milhares de pesetas, foi a inspiração do proprietário do franchising com cerca de 60 centros em Portugal.

Além dos escudos acumulados, Orlando Higino, aponta à campanha vantagens como “a fidelização de novos clientes que não conheciam qualidade da nossa lavagem e que agora regressam, mesmo que seja a pagar em euros”.

No final de março, essa passará de novo a ser a única modalidade de pagamento do serviço, mas Orlando Higino não descarta a hipótese de o “Elefante Azul” voltar a surpreender os clientes com novas campanhas.

Lá mais para o verão, quando foi mais sentida a presença de emigrantes e turistas no país “quem sabe se não aceitaremos o pagamento noutras moedas estrangeiras”, admite.

Lusa

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