O presidente da SAD da União de Leiria, João Bartolomeu, disse hoje estar “muito desiludido” com o plantel, que fez greve ao treino da manhã devido a ordenados em atraso, garantindo que não investe mais na equipa.
“Em 25 anos de União de Leiria nunca aconteceu uma coisa destas. Há uns anos chegámos a ter cinco meses de ordenados em atraso, mas os profissionais nunca fizeram isto. É lamentável, porque há clubes em piores condições que nós, mas esses jogadores não fazem greve nem tomam a atitude que os nossos tomaram”, disse o líder da SAD leiriense.
João Bartolomeu reconheceu que há ordenados em atraso e, por isso, não haverá procedimento disciplinar pelas faltas ao treino. Mas revelou que hoje foi pago o mês de dezembro:
“Eles não sabiam disso e resolveram não treinar. Estão fartos de trabalhar, estão muitas horas ocupados durante a semana e ontem [quinta-feira] fizeram um jogo-treino duro. Como estão fartos de ganhar jogos e estão numa grande classificação, hoje decidiram descansar”, ironizou o presidente da União de Leiria.
A situação pode comprometer o futuro da equipa, que tem novo treino marcado para sábado.
João Bartolomeu acredita que os jogadores vão comparecer. “Têm o mês de dezembro pago. Se não aparecerem, sujeitam-se às consequências”.
Mas, depois da greve de hoje, assume que a situação desportiva fica “mais complicada”:
“Sempre acreditei na manutenção, mas, perante o que fizeram hoje, estou desiludido”.
Entretanto, o líder da SAD diz que não voltará a investir na equipa: “Nunca mais contam comigo para tirar dinheiro das minhas firmas e pedir emprestado para pagar ordenados a jogadores. Não ponho lá mais nada. Se os jogadores tivessem moral para falar, se trabalhassem muitas horas, se tivessem grandes resultados desportivos, aí tinham muita razão. Estamos em último lugar e alguns correm pouco”.
João Bartolomeu diz ainda que ter um contrato assinado com um investidor para pagar o passivo da SAD e os ordenados em atraso. “Depois disto, desisto. Vou romper o contrato devido a esta atitude dos jogadores”.
Sobre Manuel Cajuda, que Bartolomeu acusou de manhã de ser o “instigador” da greve, o presidente corrigiu a sua posição após uma reunião que teve com o treinador. “A equipa técnica não tem culpa absolutamente nenhuma da situação criada”.
Mas a manhã no Estádio Municipal da Marinha Grande foi atribulada: quando soube da recusa do plantel em treinar, João Bartolomeu dirigiu-se ao campo e tentou falar com os jogadores. Vários atletas recusaram conversar com o presidente, apesar de este ter buzinado do seu carro, tentando impedir que abandonassem as instalações.
Apenas conseguiu reunir com os “capitães” e com os poucos jogadores que ainda estavam no balneário, para mostrar que os ordenados de dezembro haviam sido pagos.
A União de Leiria ocupa o último lugar da Liga, com 15 pontos. Segunda-feira recebe o Olhanense no Estádio Municipal da Marinha Grande, em jogo da 21.ª jornada.
Lusa