As fotografias captadas pelo telemóvel de João Daniel são uma viagem pelos maiores concertos dos últimos anos em Portugal. Na sua página do Facebook, de fazer inveja a muitos fãs, saltam à vista o Rock in Rio Lisboa, o espetáculo dos U2 em Coimbra e também a recente passagem de Madonna pela cidade dos estudantes.
Experiências que viveu por dentro, na equipa da Matrecoscrew, uma das empresas mais requisitadas para dar apoio à montagem dos equipamentos de som, iluminação e vídeo.
Começou em 1999, no Politécnico de Leiria, a aventura da Matrecoscrew. Nesse ano, João Daniel (natural do Bombarral), Nuno Silva (de Figueiró dos Vinhos) e Nuno Cardoso (Proença-a-Nova) estudavam juntos na Escola Superior de Tecnologia e Gestão quando foram desafiados pela produção do concerto de Bryan Adams no estádio municipal.
Correu tão bem a primeira vez no planeta do rock que nunca mais pararam. Primeiro com os Silence 4, depois com Tony Carreira e os mais variados artistas da cena internacional: Coldplay, Police, Cure, George Michael, entre muitos outros.
Este ano, a Matrecoscrew esteve também em Madrid, na logística do Rock in Rio. Na edição de Lisboa, no Parque da Bela Vista, a empresa chegou a mobilizar 86 colaboradores em menos de 24 horas.
Já a etapa de Coimbra da MDNA Tour representou dez dias de trabalho – afinal, eram 92 camiões com 1.800 toneladas de material.
Crise faz mossa Volvido tanto tempo, João Daniel admite que fica longe de concertos sempre que tem uma folga. Mas ao fim de 14 anos também o retorno financeiro começa a esmorecer, efeito da crise e da falta de orçamento nas câmaras, tradicionalmente promotoras de centenas de eventos anuais, em especial durante o verão.
“Diminuiu muito o valor do cachet e o próprio número de espetáculos foi reduzido”, esclarece o sócio da Matrecoscrew, que mesmo assim vai manter a faturação em 2012 e está na concentração motard de Faro até domingo.
Quem também se queixa dos cortes no calendário de espetáculos é António Pereira, dono da Audio Atlântico, na Batalha, que se dedica à produção técnica de espetáculos em som e iluminação.
“O nosso mercado é muito pequeno” e “aquilo que se cobra neste momento está longe da realidade”, lamenta, criticando as empresas que concorrem apenas pelo preço.
Recentemente, a Audio Atlântico deu suporte a atuações de Jorge Palma, Rui Veloso e Camané. E ainda este ano, vendeu “uns milhares de euros” de cabos à organização do Rock in Rio.
Nesta atividade, garante António Pereira, o segredo do sucesso passa por “investir ano após ano em equipamentos de última geração”.
(Notícia publicada na edição de 20 de julho de 2012)
Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt