O domingo de Leiria vai ser longo e bem recheado com Estilhaços. No Teatro José Lúcio da Silva, ao longo de nove horas há 15 pequenos filmes para ver, dois mini concertos para ouvir e ainda um par de intervenções coletivas, um set de dj e uma performance de dança com vídeo.
A organização é uma colaboração das associações Fade In e ecO. Nuno Granja, desta última, explica melhor o que se vai passar das 10h30 às 23h30 de domingo.
Como surgiu a ideia para Estilhaços e como surge a colaboração entre as duas associações para este projeto? E como tem funcionado essa colaboração?
O ESTILHAÇOS surgiu como um convite da Fade In à ecO para encetar uma colaboração que ambas as associações, de alguma forma, anteviam. O conceito do ESTILHAÇOS parte da ideia de “curta” e das diferentes e abrangentes abordagens artísticas possíveis em torno desse mesmo conceito. Esta foi a premissa lançada pela Fade In. A partir daí foi uma amálgama de brainstorming, trabalho e entrega, que finalmente verá a luz no próximo domingo. Ainda que, muitas vezes, em áreas distintas e com perspetivas e alcances diferentes, o trabalho das duas associações tem mais em comum do que se poderia pensar. Refiro-me em particular à preocupação com a qualidade do que é apresentado ao público e a dedicação e prazer com que o trabalho é realizado. É isso o essencial para que a colaboração funcione bem, como tem funcionado, se recomende e se repita no futuro.
O que pretendem com Estilhaços? E porquê “Estilhaços”?
Quando falamos de estilhaços pensamos em fragmentos. Neste caso são visuais, sonoros, cinematográficos e performativos. São pequenos pedaços mas que de alguma forma pertencem a um todo, fazem sentido juntos. São estilhaços do ESTILHAÇOS.
A proposta de passar um dia (quase) inteiro no Teatro José Lúcio da Silva lembra alguns festivais de cinema. Estilhaços é o
primeiro passo para um festival? É para repetir nos próximos anos?
É exactamente essa a ideia. Este ESTILHAÇOS 2012 é uma primeira abordagem, de um único dia, a uma iniciativa que pretendemos ver crescer. Um festival é sem dúvida um objectivo a médio prazo, sendo que poder contar com um programa alargado, em termos de temáticas, artes e duração é a aposta imediata. E é importante começar por fazê-lo no Teatro José Lúcio da Silva que é, sem dúvida, o espaço mais próximo de um “centro cultural”, em Leiria. No âmbito de festival, formato para o qual esperamos crescer o mais depressa possível, o primeiro passo é conseguir que os autores nos encarem como um meio para divulgar o seu trabalho e que consigamos estabelecer um padrão de qualidade que resultará certamente em dinâmicas interessantes, nomeadamente a nível local e nacional.
Há trabalho de artistas locais nesta primeira edição?
Sim. Falamos de um realizador, Luís de Lacerda, com “Amor=Morte”, e uma atriz, Ana Luísa Costa, que protagoniza “Utopia”, ambos a serem exibidos no terceiro estilhaço. Mas melhor do que falar acerca disso será ver o seu trabalho, no dia 30. São duas estreias, mas que revelam maturidade e impressionam, razão que nos levou a apostar nelas. Além de que contamos com a colaboração de vários artistas locais noutras áreas, além do cinema. Como referia, na resposta à questão anterior, pretendemos ver o ESTILHAÇOS crescer, de preferência com a cidade e com o trabalho dos artistas da região, sem dúvida. A recetividade que tivemos a esta iniciativa, quando contactámos os participantes (nacionais e estrangeiros) foi fantástica. Será de esperar que continuemos a ter essa mesma recetividade, quando avançarmos para outras colaborações locais, em futuras edições.
De entre o extenso programa, destaca algum filme ou momento em particular?
Posso destacar tudo?! Estamos contentes com o que conseguimos programar, no relativamente curto espaço de tempo que tivemos disponível. Mas destaco, obviamente, o cinema. As curtas de animação, de manhã, devem fazer o público repensar em levantar-se tarde, no domingo: recomendo “O Criador” (The Maker) de Chris Kezelos e “O Sapateiro”, da dupla portuguesa David Doutel e Vasco Sá. No segundo estilhaço, à tarde temos o “Fado Canibal”, uma curta sobre a vida de Adolfo Luxúria Canibal em jeito de documentário e duas curtas com a participação de nomes sonantes da cena musical alternativa Lykke Li, com o “Solarium” e Lana Del Rey com o “Poolside”. Temos ainda o “Strokkur” de João Salaviza, que recentemente arrebatou um prémio em Cannes. Isto só para enumerar alguns. Vale a pena ver todo a leque de filmes propostos pelo ESTILHAÇOS. Há boas surpresas. Destaco também os showcases, que terão um papel fundamental. Os projectos Miss Cat e o Rapaz Cão e First Breath After Coma vão dar-nos música, durante a tarde, com projecções de dois artistas da região, construídas propositadamente para estes showcases. E, finalmente, destaco ainda o momento de dança contemporânea, que estará presente no encerramento do ESTILHAÇOS.
O que são as intervenções coletivas e o SuperSamplingSoundEnergies?
SuperSamplingSoundSinergies é uma das intervenções coletivas, ou seja, um dos momentos em que desafiamos o público a participar diretamente. Será dinamizado pelo David Ramy, da SAMP, e permite aos participantes criar uma paisagem sonora, criando samples e loops a partir de instrumentos e objetos que estarão ao seu dispor. Queremos, numa outra intervenção, ter o público a desenhar o seu próprio slide (que fornecemos) para depois ser projetado na festa de encerramento.
Programa: