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Saúde

O regresso ao trabalho deixa-o deprimido? Saiba como reagir

Regressar ao trabalho em velocidade de cruzeiro é de todo desaconselhável. Recomece com calma para voltar gradualmente à rotina.
Concentre-se no que mais gosta no trabalho e pense no regresso como se fosse um reencontro

Sente-se irritado, ansioso ou stressado? Tem insónias, está pouco motivado e com falta de vontade para trabalhar?

Os sinais são claros. Se está de férias e prestes a regressar ao trabalho ou já regressou, é provável que sofra de síndrome pós-férias. Basicamente, resume-se “a um estado de humor deprimido e/ou ansioso, que surge nos dias que antecedem o regresso ao trabalho e mesmo nos primeiros dias de trabalho após as férias”.

Embora haja quem associe este estado a uma depressão, Marta Gaspar, psicóloga clínica com consultório em Leiria, considera o termo “excessivo”. “Isoladamente, o stresse pós-férias não desencadeará um quadro depressivo”, entende a especialista, embora admita que o final das férias possa agudizar dificuldades já existentes.

Segundo a psicóloga Viviane Bento, “um diagnóstico diferencial” pode ajudar a esclarecer se sofre de depressão ou de um estado de humor deprimido. Este está “relacionado geralmente com a tristeza, com o que se sente momentaneamente e por um breve período de tempo”. Já a depressão “perdura por mais tempo, não é pontual, é crónica e precisa de tratamento psicoterapêutico e, por vezes, farmacoterapêutico”.

No caso da síndrome pós-férias, a intensidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa, e, eventualmente, do período de férias gozado.

Quem tira apenas uma semana para descansar, mal terá tempo para desacelerar o ritmo de trabalho e, provavelmente, não experimentará qualquer sinal de stresse.

E haverá pessoas mais sensíveis do que outras? A síndrome pós-férias afeta tendencialmente pessoas com propensão para “um humor deprimido/ansioso, com baixa tolerância à frustração, com rigidez nas rotinas diárias (dificuldade de adaptação à mudança) e com trabalhos de elevado nível de exigência e/ou pressão constante”, esclarece Marta Gaspar.

Viviane Bento, com consultório na Barreira, Leiria, admite, por outro lado, que “a pressão relacionada com o momento que o país e o mundo atravessam contribuem diretamente para um estado de humor deprimido ou para o desenvolvimento da depressão patológica”.

Ainda assim, é possível adotar algumas medidas para prevenir um regresso difícil. Marta Gaspar sugere, entre outras estratégias, reservar dois ou três dias no final das férias para, progressivamente, retomar hábitos diários, horários habituais de deitar e levantar, horas de refeições, reorganizar roupas e tarefas pendentes e planificar mentalmente as rotinas.

A prática de atividade física constitui ainda, segundo Viviane Bento, “uma excelente opção para quem sofre ou tem tendência a desenvolver este tipo de patologia”, pois ativa o metabolismo e liberta hormonas como as endorfinas que dão um sensação de bem-estar físico geral”.

Regressar ao trabalho em velocidade de cruzeiro é de todo desaconselhável. Recomece com calma para voltar gradualmente à rotina.
Concentre-se no que mais gosta no trabalho e pense no regresso como se fosse um reencontro.

Não espere pelas férias para descontrair: aproveite fins de semana e finais de dia para realizar atividades ao ar livre, estar com a família e amigos ou praticar exercício.

Martine Rainho
martine.rainho@regiaodeleiria.pt

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