Degradado. Assim está o Mercado Municipal de Leiria. No sábado, a avaria do único elevador disponível foi a gota de água na indignação e descontentamento dos comerciantes:
“Tivemos que carregar as caixas e os sacos pelas escadas. É inadmissível. Já não se vê em lado nenhum. É uma escravidão”, revolta-se João Figueiredo, vendedor no piso superior do mercado, a principal zona afetada.
Mas este não foi um episódio isolado. A avaria é recorrente. Mais: o ascensor tem a particularidade de apenas funcionar se for “puxado”. Ou seja, é preciso que alguém do piso superior chame para que ele se movimente. As escadas passam a ser a única alternativa para vendedores e clientes.
Natividade Marques assegura que a falta deste equipamento explica a quebra na afluência ao piso superior do mercado: “Muitas pessoas vinham cá a cima, como não há elevador, não vem ninguém. Quem vê este mercado quando abriu e quem vê agora, é de desanimar”.
Aos 69 anos, Arminda Fonseca desloca-se com o auxílio de canadianas. Para ela, o elevador é fundamental: “É uma miséria. No sábado o meu marido teve que me agarrar e ajudar-me”.
Para contornar esta situação, os comerciantes do piso superior sugerem que as suas bancas passem para o andar de baixo, onde há vários lugares vazios.
Mas há mais queixas e bem evidentes para quem visita o mercado. As infiltrações no teto e nas paredes originam um pingar constante em cima de legumes, frutas e clientes. O telhado não está bem isolado: “Quando chove, é como se estivéssemos na rua”, conta Natividade.
As instalações sanitárias têm condições inenarráveis: não há autoclismos, a água do lavatório cai diretamente no chão, não há papel nem sabonete e o cheiro é nauseabundo.
A juntar às más condições físicas do edifício, junta-se a falta de segurança. São vários os objetos que já desapareceram. O caso mais recente aconteceu na banca de Natividade: Ficou sem uma balança, um prejuízo de mais de duzentos euros.
As queixas não ficam por aqui. João Figueiredo aponta outro problema: “A limpeza está marcada para as 16 horas mas às 14 já estão as mangueiras no chão a deitar água. Os clientes que entram aqui e veem aquele cenário, pensam que o mercado já está fechado e voltam atrás”.
Com o intuito de lutar por melhores condições, um grupo de comerciantes uniu-se e, na terça-feira, apresentou as suas reivindicações a Isabel Gonçalves, vereadora responsável pelo mercado. A autarca ouviu as queixas e prometeu tentar resolver a situação:
“Estamos a trabalhar para que seja resolvida o mais depressa possível, sendo certo que com a lei dos compromissos e a falta de disponibilidade financeira da câmara, obras de maior monta, só no início do próximo ano”.
Os vendedores vão esperar pelo cumprimento das promessas até janeiro de 2013 mas fica o aviso: “Se voltarmos a ficar sem elevador, montamos a nossa banca no piso de baixo e vendemos lá os nossos produtos”.