Chama-se Andebol 4 All e pretende colocar todos os cidadãos a jogar andebol. E quando se diz todos, são mesmo todos. O projeto, desenvolvido há pouco mais de três anos pela Federação Portuguesa de Andebol (FPA), pretende introduzir a modalidade nos hábitos desportivos dos cidadãos com deficiência motora, intelectual ou auditiva e junto dos detidos em estabelecimentos prisionais.
Joaquim Escada, responsável da FPA pelo projeto, acredita que “ainda há muito trabalho para fazer”, mas entende que não há melhor método para uma sociedade inclusiva, do que a prática de um desporto de equipa. “E o andebol é uma dessas modalidades, com regras boas para a vida, e fundamental para o tratamento social, afetivo e o desenvolvimento cognitivo”.
Estas e outras vantagens vão ser explicadas na ação de formação que a federação organiza na próxima sexta-feira, dia 9, em Leiria, e que conta com a demonstração prática de um jogo de andebol entre deficientes intelectuais.
Vinte e dois atletas da Cercilei serão os “craques”. A instituição leiriense introduziu a modalidade nos hábitos dos jovens que vivem nos seus lares, em janeiro de 2011, e alguns chegaram a participar em competições, numa parceria com o Batalha Andebol Clube (BAC). Dia 9 vão demonstrar o seu conhecimento da modalidade.
“Este projeto nasce com a intenção de melhorar a interação social. No entanto, agora que o tornámos mais competitivo, nota-se o prazer que têm nos golos. Ganhar é uma coisa importante para eles. Isso contribui muito para a valorização da sua autodeterminação”, explica Ricardo Cardoso, psicólogo da instituição leiriense, com pós-graduação em Psicologia Desportiva.
O trabalho desenvolvido em Leiria é reconhecido por Joaquim Escada. Considera-o “pioneiro” e espera que se estenda a outras instituições do centro do país. “Leiria tem instituições que já experimentaram e podem levar a modalidade mais além”, afirma, esclarecendo que cerca de meia dúzia de instituições a nível nacional já aderiram ao Andebol 4 All.
Dia 9, Joaquim Escada espera conquistar mais adeptos para a modalidade adaptada, numa ação aberta a técnicos desportivos, jogadores, clubes, escolas e instituições. “Temos que falar todos a mesma linguagem e experimentar. Esta é uma forma de prepararmos melhor o futuro numa sociedade inclusiva”, considera.
Sendo o andebol uma modalidade de referência na região, Ricardo Cardoso entende que a sociedade “reconhece mérito social e desportivo a estes jovens”, apesar de, por agora, ainda não pensarem em “campeões”. “Valorizar a deficiência intelectual é dar importância à nossa existência”, conclui.
Programa
14 horas – Cerimónia de abertura – auditório da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria
14h30 – Apresentação do projeto Andebol 4 All, Joaquim Escada
15 horas – O desporto adaptado, Silmara Fernandes
15h15 – Andebol em cadeira de rodas, Silmara Fernandes e Danilo Ferreira
15h45 – Andebol para deficiência intelectual, Ricardo Cardoso
16h30 – Andebol para deficiência intelectual – prática, António José Costa Pereira
17h15 – Andebol em cadeira de rodas – prática, Silmara Fernandes e Danilo Ferreira
18 horas – Encerramento
Inscrições
Podem ser realizadas até dia 6. A ficha de inscrição disponível no site da Federação deve ser devidamente preenchida e enviada, via fax (213626807) ou email (andebol@fpa.pt)