O gás natural de Alcobaça não é comercialmente viável, reconhece a Mohave, que vai abandonar o poço instalado a 700 metros do Mosteiro, em plena zona urbana.
Os trabalhos de perfuração atingiram os 3.240 metros de profundidade, encontrando gás enclausurado abaixo da camada de sal, mas as areias reservatório são insuficientes para um sucesso comercial.
A companhia já iniciou procedimentos para abandonar o poço e libertar o equipamento, alugado à escocesa KCA Deutag.
No poço Alcobaça #1, a norte-americana Mohave estimava uma capacidade de produção de oito mil barris de petróleo equivalente por dia durante 20 anos. Agora, num comunicado em que anuncia os resultados dos esforços desenvolvidos nos últimos dois meses, a empresa com sede em Houston revela ter perfurado quase mil metros de hidrocarbonetos, incluindo uma coluna de 300 metros de gás natural, mas em quantidades aquém do esperado nas areias reservatório.
De acordo com Joseph Ash, CEO da Mohave, o modelo teórico provou estar certo, pois as sondagens confirmaram boas propriedades de depósito, ausência de fugas e a camada de sal a funcionar como mecanismo de selo.
Os alvos situados na camada geológica pré-sal, como é o caso de Alcobaça, são recentes na indústria de hidrocarbonetos e têm proporcionado algumas das mais espectaculares descobertas a nível mundial, nos últimos tempos, por exemplo na costa de Angola e do Brasil.
A parceria entre a Mohave e a portuguesa Galp Energia, detendo cada qual uma posição de 50%, garantiu um investimento de 10,7 milhões de dólares (aproximadamente 8,3 milhões de euros) no poço Alcobaça #1. Decorrem já discussões técnicas acerca do melhor caminho para o futuro.
No início de setembro, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, visitou o estaleiro do consórcio em Alcobaça, tendo na ocasião anunciado um plano de desenvolvimento e produção de hidrocarbonetos por parte da Mohave e da Galp, o primeiro na história do petróleo e gás natural em Portugal, envolvendo um investimento de 230 milhões de euros nos próximos cinco anos e a criação de 200 empregos diretos e 1.400 indiretos.
A Mohave detém sete concessões na faixa litoral entre Torres Vedras e Figueira da Foz, tanto em terra como no mar, continuando a manifestar-se otimista quanto ao potencial em termos de petróleo e gás natural. Novas informações sobre os trabalhos em curso são esperadas durante o primeiro trimestre do próximo ano.
(notícia atualizada às 12h02)
Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt
Manuel Peñascoso disse:
as sondagens feitas pela Texas Union mostraram haver gás natural no pré sal do diapiro do Carriço!