Comunicado
Dia Mundial da Liberdade de Imprensa
Por ocasião de mais um Dia Mundial da Liberdade de Imprensa que se assinala no dia 3 de maio, e no âmbito das preocupações promovidas pela Associação Mundial de Jornais (WAN-IFRA), de que a Associação Portuguesa de Imprensa faz parte, vimos manifestar a nossa mais viva preocupação pelos continuados ataques à liberdade de imprensa à escala planetária, seja através de intimidação de jornalistas (muitos dos quais pagaram com a sua vida a liberdade) seja a de editores de jornais e revistas (muitos dos quais se veem obrigados a encerrar as publicações, quer por intimidação pessoal, quer por intimidação comercial (como infelizmente é entre nós o caso do Diário de Noticias da Madeira).
A Associação Portuguesa de Imprensa manifestou durante o último ano junto do Governo da República (quer diretamente ou através da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social) que a degradação das condições de investimento publicitário (hoje a níveis da última década do século XX) constituem uma forte ameaça à liberdade de imprensa em Portugal, sobretudo nas suas vertentes de diversidade e pluralismo.
No último ano muitas publicações, jornais e revistas, foram obrigados a diminuir o quadro dos seus colaboradores, a reduzir o número de páginas, os formatos e as tiragens das suas publicações, como último recurso para manterem em publicação títulos, em muitos casos, com mais de 100 anos em publicação continua. O que resulta num prejuízo para o cidadão que se vê assim privado da informação com que contava habitualmente na formação da sua opinião.
A Associação Portuguesa de Imprensa espera que os valores associados a este dia incentivem o governo português a considerar os projetos de sustentabilidade não só económica e financeira do setor, mas especialmente de auto regulação, possivelmente traduzidos pela reinstalação de um Conselho de Imprensa, cuja preparação está já em adiantado estado de implementação.A Associação Portuguesa de Imprensa não pode também desconhecer que as restrições apontadas contribuem para o crescimento do aparecimento nas redes sociais e na internet em geral de fontes de informação não editadas, não responsabilizáveis e com conteúdos não verificáveis, que só podem conduzir a uma maior confusão na oferta de informação jornalística aos cidadãos.
Sem uma saudável e efetiva estruturação económica deste setor, que está a dar os primeiros passos no mundo digital, revigorando o investimento publicitário e criando condições de acesso a meios de crédito adequados ao setor, corremos todos o risco em Portugal de que uma das maiores riquezas da nossa democracia, em muitos casos com mais de 100 anos de resistência e sobrevivência a regimes autocráticos e retrógrados acabe por morrer por autismo ou distração, deixando os portugueses órfãos de um pluralismo e diversidade mediáticos que sempre os tem acompanhado, mesmo nas alturas mais difíceis da Nação.
A Direção,
Associação Portuguesa de Imprensa