Sabe que Leiria teve uma praça de touros? E que onde está hoje a Fonte Luminosa existiu um imponente teatro? Descobrir ou recordar factos como estes tem surpreendido e emocionado os visitantes de “(Re)Conhecer Leiria”.
A exposição está repleta de registos históricos como estes, apresentados no m|i|mo desde dezembro de 2012 até dia 15 de junho. Ali mostra-se o que era Leiria nos primórdios do século XX.
O ponto de partida são as fotografias de José Fabião e os apontamentos de Raul Faustino de Sousa, que “revelam” o rosto que a cidade já teve e também muitos outros rostos: os de quem foi fotografado com solenidade por Fabião.
“O objetivo da exposição era fazer com que se começasse a criar uma base de dados de imagens da cidade de Leiria, em que o m|i|mo fosse um aglutinador dessa informação”, explica António Moreira de Figueiredo, um dos responsáveis pela exposição produzida pelo museu. Nesse sentido, resultou “de forma muito satisfatória”, divulgando informação e imagens sobre a cidade.
“Houve muito conhecimento que estava no pó do tempo que, agora, veio ao de cima”, sublinha.
Testemunha privilegiada dos efeitos que a exposição tem junto do público é Mário Coelho. O técnico no m|i|mo guia muitas das visitas. “Tínhamos a ideia que iria resultar com o público mais velho. E resulta muitíssimo bem: ao fim de um bocado ficam maravilhados, deixam de ouvir o guia e começam a contar as suas próprias histórias passadas naqueles locais”. É um público claramente emocionado pelas recordações. Mas também há surpresa, sobretudo entre os mais novos: “Quando são mesmo de Leiria reconhecem os espaços, mesmos que agora esteja lá outra coisa”.
Moreira de Figueiredo nota que “há muita gente que nunca tinha visto Leiria desta forma”. A par da exposição, um programa de passeios temáticos e tertúlias, que discutem a cidade de então e de agora, ajudam a que muitas pessoas fiquem “espantados e agradados por descobrir coisas que não sabiam da sua própria cidade”.
Pessoas da geração de Sara Fabião, por exemplo. A neta do fotógrafo que assina as imagens da exposição, integrou a comissão científica deste projeto, que encarou com “uma grande emoção”: “Pelo prazer e o desafio que é montar uma exposição de grande relevo e porque as imagens captavam a essência e o trabalho do meu avô”.
m|i|mo, caixinha de memórias
Sara realça que ainda há muita Leiria por “reconhecer”, tendo em conta que José Fabião doou à volta de 25 mil películas. Além disso, “a fantástica reação do público revelou que existe um gosto tremendo pelo trabalho do meu avô e, principalmente, pelo descobrir das raízes leirienses. Espero que se consigam fazer mais exposições sobre a cidade”.
António Moreira de Figueiredo concorda que o trabalho está longe de estar acabado. A intenção é que o processo de recolha de fotografias e informação sobre a cidade continue e que o m|i|mo potencie a sua missão de depositário da memória de Leiria. “Há pessoas que têm em casa fotografias de grupo, de bocados da cidade, que são inéditas: nunca ninguém as viu e elas podem retratar uma cidade que já desapareceu. Tudo isso é importante para o estudo e a história da cidade”.
(Notícia publicada na edição de 6 de junho de 2013)
Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt