Há 66 anos que o Ateneu Desportivo de Leiria (ADL) tem vista privilegiada para o Castelo e para a Praça Rodrigues Lobo. Mas a partir do dia 1 de setembro tudo pode mudar.
Incapaz de acompanhar o aumento da renda provocado pelas obras feitas no imóvel pelos proprietários, a associação está em vias de ter de deixar a emblemática sede. “A renda aumentou cinco vezes, conforme a lei, e é praticamente certo que teremos de sair”, conta o presidente. Não há capacidade para pagar os 1.600 euros exigidos pelo espaço, assume Jaime Silva.
Em risco ficam as atividades do ADL, que envolvem três centenas de pessoas, sem contar com a secção de ginástica. Yoga, teatro, pilates, coro, zumba, biodanza, croché, informática, danças de salão, música, pintura, danças do ventre e tai chi decorrem regularmente na sede.
O futuro de todas, e até do ADL, é incerto. “Estamos à espera de uma reunião com o presidente da Câmara de Leiria. A única possibilidade de continuarmos ali depende da Câmara”, refere Jaime Silva. “Todas as atividades estão em risco. Ainda não temos qualquer alternativa”, frisa o presidente do ADL.
As obras que requalificaram o exterior e, parcialmente, o interior, custaram centenas de milhares de euros, avançou ao REGIÃO DE LEIRIA um dos proprietários. O ADL fez uma contraproposta, mas foi recusada. “O aumento é de lei. Tinha de haver um aumento. Gastámos centenas de milhares de euros numa obra feita por especialistas que deixou o edifício bonito. Todo os leirienses gostam”, nota Luís Sequeira Pereira, um dos proprietários. As anteriores direções do ADL merecem crítica por “terem deixado o imóvel degradar-se de tal maneira que, durante anos, ficaram vidros partidos e janelas abertas, o que levou a apodrecer o vigamento. Houve má utilização por parte dos inquilinos, que são obrigados a manter o edifício. Por isso, fomos obrigados a fazer mais obras do que o previsto”.
Apesar disso, os proprietários querem que o ADL ali continue, pagando a nova renda, que, apesar da atualização, “é sempre inferior ao que devia ser”. “O mercado está de tal maneira que não sei se surgirão interessados caso o Ateneu saia. Espero que os inquilinos se mantenham”.
(artigo publicado a 8 de agosto de 2013)
Manuel Leiria
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