A ideia de criar a Twentyfour Sixty surgiu à mesa de uma esplanada, mas em apenas um ano o projeto angariou negócios na Suíça, Finlândia, Hungria e Angola.
A partir de uma antiga oficina de sapateiro, que pertenceu ao avô, Luís Cunha está a lançar a primeira marca portuguesa de balance boards. Cada uma destas pranchas de equilíbrio, usadas para diversão ou preparação física, é construída manualmente nos arredores de Alcobaça e chega ao mundo através da rede social Facebook, que tem sido a principal montra da empresa na internet.
De acordo com a consultora Email Brokers, o número de websites portugueses com encomendas online cresceu 150% em dois anos e 38% dos novos websites já integram comércio eletrónico.
Cada vez há mais promotores individuais e micro empresas que aproveitam o baixo custo das ferramentas digitais básicas para comunicar barato com uma audiência sem fronteiras. E em muitos casos aliam as novas tecnologias à defesa da tradição e das comunidades, como é o caso de Luís Cunha, que só trabalha com materiais e fornecedores da região.
O preço de venda das balance boards, embora competitivo (85 euros) face à concorrência, reflete a filosofia do projeto: “Não estou aqui para perder dinheiro, mas podia ganhar mais. Todas as pranchas têm uma história, por isso eu digo que não quero industrializar a marca”, argumenta.
Também a Goto, empresa de mobiliário contemporâneo com ligações a Leiria e Pombal, se inspira na história e cultura portuguesa, com a internet por aliada. “O site e as redes sociais são de facto a nossa montra, a nossa loja no centro da cidade, desde que trabalhemos bem a comunicação”, diz o sócio António Tudella.
“A visibilidade e a acessibilidade perante o mercado torna-se mais abrangente, pois não estamos condicionados a um espaço físico, mas sim a uma rede indispensável nos dias de hoje. Se não nos conhecerem, não existimos”.
Para o leiriense Gael Domingues, criador da marca de roupa Urban Gk, o Facebook é mesmo a única plataforma de vendas e representa uma legião de quase cinco mil seguidores. Quando compram uma peça e enviam fotografia, esta é publicada na rede social, funcionando como marketing viral.
“A única publicidade que temos é a dos clientes e é a melhor”, afirma o professor de hip hop, que exporta metade da produção e tem investido em patrocínios de DJ e bailarinos naquele meio musical.
A Type It Store, do designer Miguel Pereira, de Leiria, está em atividade há três meses e dedica-se à estampagem de tshirts e outros artigos. A loja online permitiu arrancar com um investimento reduzido (cinco mil euros) e desenvolver um modelo de negócio colaborativo em que qualquer pessoa pode submeter um desenho, imagem ou mensagem, ficando com uma comissão sobre as vendas. Na prática, todos ganham.
“Quanto mais divulgarem a loja, mais possibilidade têm de vender”, explica Miguel Pereira, que trabalha a partir de casa e com recurso a parcerias.
De acordo com o SIBS Market Report, a soma das compras online em Portugal ascende a 678 milhões de euros e está a crescer. Um em cada cinco portugueses comprou algo através da internet em 2011. E o valor médio das compras online é mais do dobro do valor médio das compras presenciais.
Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt