Dentro de dois meses, nos dias de inverno mais rigorosos, a temperatura registada no tapete é de zero graus. Há infiltrações, os balneários são pequenos demais e o espaço é partilhado com outros dois clubes.
A concentração exigida para a prática do judo é ainda abalada pelo barulho que os trampolins, ali ao lado, fazem. É assim há 10 anos, o tempo que o Clube de Judo Dragão (CJD) utiliza o pavilhão dos Silvas, em Leiria, “de forma provisória”.
Até outubro de 2003, o clube tinha um espaço próprio junto do Pavilhão Municipal de Leiria, que acabou por vir abaixo no decorrer das obra do Euro 2004. O clube esteve inativo seis meses e foi obrigado à deslocar-se “provisoriamente” para os Silvas, enquanto não fosse construído, em conjunto com a autarquia, um pavilhão de raiz num terreno, com 4.400 m2, adquirido na zona do Planalto, em Leiria.
“Conseguimos um terreno e entregámos o projeto arquitetónico. Nunca avançou. Pessoalmente acho que cometi um erro, porque não pressionei a Câmara quando devia. Passado dez anos não temos garantia nenhuma que nos vão apoiar na construção do pavilhão e ficámos sem nada”, afirma Carlos Duarte, presidente do Clube de Judo Dragão há 37 anos.
Com cerca de 100 atletas federados, entre os 3 e os 60 anos, mais recentemente, em 2012, o CJD vislumbrou uma saída para o problema. “Chegamos a acordo com a câmara para mudar para uma sala do estádio municipal. Era uma instalação novamente provisória mas melhor do que a atual”, realça carlos Duarte, o primeiro judoca português a arbitrar em Campeonatos do Mundo e em Jogos Olímpicos.
As obras avançaram, foram ajustados os balneários e preparado o piso, mas quando tudo estava pronto para a mudança, o processo parou. Porquê? Nem Carlos Duarte sabe. “O assunto ficou retido no presidente [Raul Castro] e ele argumentou que aguardava que o processo da Leirisport terminasse para mudarmos. Foi connosco ao estádio e disse que tinha que procurar um espaço alternativo. Não podia ser ali, mesmo depois das obras feitas”, conta o dirigente.
O REGIÃO DE LEIRIA contactou Raul Castro, por email, enviando um conjunto de dez questões sobre as obras no estádio, o valor do investimento e os motivos do impasse na mudança. A todas as perguntas obteve uma simples resposta: “Vai iniciar-se a avaliação da ocupação futura do Estádio”.
Sem saber durante mais quanto tempo terá que viver em casas emprestadas, Carlos Duarte lamenta todo o processo e alimenta o desejo de ver a instalação do CJD num pavilhão próprio “o mais depressa possível”. “Vou dar algum tempo à Câmara, mas vou ter que pressionar para ver esta questão resolvida”, adianta.
(Artigo publicado na edição de 10 de outubro de 2013)
Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt