“Aiué do roça roça” tem mais de dois milhões de visualizações no Youtube e “Dançando kizomba” ultrapassa os três milhões. Se subsistirem dúvidas sobre o sucesso dos dois irmãos de Peniche, eles logo lembram as semanas consecutivas nos tops de vendas e a atuação para 150 mil pessoas no Hipódromo de Vincennes, há um mês, em França.
Mesmo assim, o concerto de amanhã, 19 de outubro, no Coliseu de Lisboa terá um sabor especial. “É a sala mais emblemática de Portugal”, sublinha Hélder Vieira, que com Né forma os Némanus.
Andam a trabalhar pelo menos desde 2001 para aqui chegar. Nascidos numa família de pescadores de Peniche, fizeram o percurso dos bailes, casamentos, arraiais e outras festas.
“Falar de ti ao mar”, o primeiro disco, denuncia as influências de quem respira ares do Atlântico: ainda se recordam das longas ausências do pai, que ia pescar durante meses para os mares de África. “Sacrificou-se para nos pagar as aulas de música, para fazermos o que gostávamos”.
Para o nome do projeto, Hélder recorreu ao Latim que aprendeu na escola. “‘Némanus’ quer dizer ‘força e vontade de vencer’”. Cresceram com os anos. Trabalharam com produtores famosos no meio – entre eles Emanuel – e, em 2007, tiveram o primeiro grande hit: “Dançando kizomba”.
A partir de 2010 os Némanus passaram a produzir-se a si próprios. “Aí estalou o sucesso a sério”, recorda Hélder Vieira. Com “Paz Pás Funana”, em 2011, as televisões chamaram-nos, funcionando como multiplicador para o êxito da dupla de Peniche. “Hoje não sabemos quantos concertos damos por ano. Mas até ao fim de 2013 temos a agenda completamente cheia”, confessa Hélder. Têm atuado em todo o lado.
“Onde há portugueses, estamos lá”. O sucesso é grande entre as comunidades de emigrantes em França, Luxemburgo, Suíça, Itália, Canadá, Estados Unidos da América e vários outros países. “O maior concerto de sempre foi em Vincennes. É de loucos tocar para 150 mil pessoas, um mar de gente”.
A fórmula
Como arrastam multidões os dois irmãos de Peniche? A explicação estará na mistura de ritmos latino-africanos com batidas da dance music. Normalmente a fórmula é apresentada por bandas brasileiras, mas os Némanus são cem por cento portugueses e é aí que surge a diferença.
A kizomba e kuduro de Angola ou o funaná de Cabo Verde são revistos pelos irmãos Vieira, que fugiram à tradição rock de Peniche e assimilaram a onda afro-brasileira que se ouve em alguns bares da terra.
Hélder Vieira considera que, além da música, o percurso de ambos também conquista fãs. “As pessoas identificam-se com as nossas letras, música e maneira de estar na vida”. Ou seja, o facto de virem de uma família tradicional e de terem lutado para fazerem o que gostam.
“Passámos por muitas coisas. Fomos enganados por gente do mundo da música. Sofremos tudo isso na pele e demos a volta a tudo. Foi uma luta constante para atingir os nossos objetivos”.
Dentro de dias sobem a um palco ambicionado por muitos. É o ponto alto na carreira. “Se sonhávamos com isto? Sim, mas vir de uma família de pescadores e chegar a um Coliseu… Era um sonho muito alto. Mas esperamos que seja o primeiro de muitos palcos assim”.
No Coliseu a 200%
Na promoção do concerto de Lisboa, agendado para amanhã, são descritos como “furacão da música portuguesa”. Eles não fazem por menos e prometem uma mega produção de duas horas, digna de qualquer artista internacional, com pirotecnia e grande investimento no som, luz e coreografias.
“Elevámos a fasquia. Estamos a preparar um espectáculo fantástico, diferente do normal na música portuguesa”, promete Hélder Vieira. A lotação ronda os 4.900 lugares e os Némanus esperam esgotar o Coliseu. Afinal, preparam este momento há quase um ano.
“Estamos empenhados neste espectáculo a 200 por cento”. O concerto começa às 22 horas. O preço dos bilhetes varia entre os 18 e 22 euros.
(Notícia publicada na edição de 10 de outubro de 2013)
Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt
elisa miranda disse:
Eu adoro os nemanus!