Já tinham existido avisos e ameaças, mas José Vargas nunca os tinha concretizado. Fê-lo no dia 4. Pegou em todos os animais da Associação Protetora de Animais Abandonados de Fátima (APAAF), e abandonou-os em Escandarão, freguesia de Atouguia, Ourém.
Até dia 12, apenas 11 dos 55 cães foram recuperados e outro apareceu morto. Céu Romeiro, da APAAF, está desesperada e apela à ajuda de todos para dar um final feliz ao caso.
Mas a “história” tem vários anos. A associação está num terreno em Pessegueiro, Batalha, que José Vargas reclama como seu. apesar de não apresentar documentação que o comprove. Em 2011, a associação ainda tentou a legalização ou aquisição do terreno, mas abandonou a ideia e foi-lhe comunicado que teria que deixar do local até final do ano.
No entanto, as duas partes conseguiram chegar a acordo e ficou definido que José Vargas receberia um valor – 450 euros nos últimos meses – para cuidar dos animais. “Foi uma asneira que fiz. Esse senhor vedou-nos o acesso aos bichos e não os podíamos passear ou alimentar”, conta Céu Romeiro.
Para a presidente, tudo mudou quando o alegado proprietário soube que a associação ia deixar o terreno e mudar para outro local. “Eu fui ameaçada de morte e disse-me várias vezes que fazia mal aos animais. Isto é vingança. Ninguém pode largar 55 cães nos montes e não lhe acontecer nada”, refere Céu Romeiro, que apresentou queixa, na GNR de Fátima, por rapto, roubo e abandono de animais e por ameaça de morte.
Para José Vargas, o caso tem outros contornos. “Tinha um acordo para cuidar dos cães e receber 450 euros/mês. Há três meses que não me pagam nada. Disse a 30 de julho que abandonaria os animais, falei com várias associações e ninguém fez nada. A maior parte dos cães não tem vacinas, nem documentação. Estou de consciência tranquila e pronto para ir a tribunal, se for preciso, mas há dinheiro que me devem”, afirma.
A APAAF continua à procura de animais e pede a quem avistar algum que ligue para 918 453 070.
Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt
joão da costa disse:
Quaisquer que sejam as razões do desentendimento entre José Vargas e a APAAF, ou com quem quer que seja, não justificam a atitude que tomou. É inqualificável e reveladora duma total falta de sensibilidade e duma baixeza de sentimentos muito próxima da irracionalidade.