O pianista João Costa Ferreira regressa a Leiria para um concerto esta sexta-feira, com a Orquestra Filarmonia das Beiras, e uma intervenção no TEDxYouth@Leiria, sábado.
Ao REGIÃO DE LEIRIA, o músico que iniciou a formação no Orfeão de Leiria e atualmente trabalha e estuda em Paris, fala das expetativas em torno do concerto e dos planos para o futuro.
Como antecipa o concerto com a Orquestra Filarmonia das Beiras, neste regresso a Leiria?
Tenho grandes expetativas relativamente a este concerto. Estou esperançoso que o meu regresso aos palcos de Leiria, sendo eu próprio leiriense, enquanto solista de uma das grandes orquestras dos país, na sala mais emblemática da cidade de Leiria, traga uma dimensão particular ao evento, e que todos esses factos reunidos despertem a curiosidade dos leirienses. Seria uma grande satisfação para mim entrar em palco e ver a plateia cheia.
Sinto que vai ser um excelente concerto, e não é todos os dias que uma cidade, como Leiria, tem a oportunidade de assistir ao vivo à interpretação do Concerto para Piano e Orquestra em Sol de Maurice Ravel. Para além das exigências de logística inerentes à natureza do evento, a obra é tecnicamente muito exigente, não apenas para o pianista mas também para outros instrumentistas como o trompetista ou o fagotista. O trabalho que vou desenvolver com eles e com o maestro Ernst Schelle terá, por isso, de ser bastante minucioso.
Em que ponto está a situa carreira? O que está a fazer em Paris atualmente?
Tenho de admitir que a obtenção do prestigiado “Diplôme Supérieur d’Exécution” da Ecole Normale de Musique de Paris em 2012 mudou bastante a minha vida enquanto artista. Para além de ter reforçado a minha confiança pelo elevado reconhecimento que tal diploma confere, houve muitas portas que se abriram. Desde então têm surgido muito mais oportunidades de concertos e outros projetos musicais. Isso tem-me dado uma certa notoriedade e ao mesmo tempo um grande estímulo e energia para continuar o longo caminho que tenho vindo a percorrer desde o Orfeão de Leiria.
Atualmente sou docente no Conservatório de Música “Georges Bizet” de Paris (20e arrondissement) e estou a tirar um Mestrado de Investigação em Musicologia na Université Paris-Sorbonne (Paris IV). Tenho vários concertos agendados para breve, sobretudo em Paris: na Fundação Schostackovich, Salle Cortot, Palais d’Iéna, Scots Kirk Paris, entre outros… Recentemente tive uma proposta interessantíssima para uma formação de música de câmara mas sobre a qual prefiro não falar para já. Digo apenas que se ela se vier a realizar possivelmente terei de viajar para Portugal com mais frequência!
Qual o próximo desafio?
A seguir ao concerto o desafio mais próximo é o de “inverter” cerca de setecentos jovens que vão estar presentes no TEDxYouth@Leiria tentando transmitir-lhes a ideia de que a música clássica não tem de ser aborrecida, contrariamente ao que muitos querem fazer crer. A minha participação neste evento enquanto orador será para mim uma experiência nova e, com certeza, muito enriquecedora.
O próximo desafio a longo prazo será talvez a gravação de um CD. É uma ideia ainda muito vaga mas que, se se vier a realizar, não será com certeza antes de 2015. Entre as várias razões que me fazem hesitar neste projeto é a evidência do declínio da industria do disco face às novas tecnologias.