Câmara e privados parecem de acordo. A reabilitação do centro histórico de Leiria pode passar, em parte, pela aposta no turismo, com programas e projetos que aproveitem a cultura para criar uma dinâmica de investimento e atração de novos públicos. Pequenos hotéis temáticos que sirvam de âncora a uma oferta de ocupação de tempos livres baseada nas figuras, histórias e memórias do concelho. Por exemplo, os seus escritores.
A ideia foi lançada pelo vereador Gonçalo Lopes, na apresentação da iniciativa Eça 2014, um calendário de atividades em torno de Eça de Queiroz.
Sugere o responsável pelo pelouro da Cultura que pequenas unidades de alojamento, ao estilo hostel, com tarifas low cost e conceito inspirado em temas locais – livros, entre outros – podem suportar uma “estratégia de afirmação de Leiria como destino turístico”.
“Se queremos atrair pessoas a Leiria precisamos de ter alojamento e se calhar um investimento deste género teria procura”, diz Gonçalo Lopes, acrescentando que é intenção do município promover uma sessão pública sobre o processo de licenciamento de unidades com as características de um hostel.
O potencial é grande, considera o vereador, que aponta como vantagens o licenciamento mais ágil e o menor investimento inicial.
Da parte do sector privado, há pontos de entendimento. Um grupo de profissionais que está envolvido na elaboração de um plano para o centro histórico de Leiria já apresentou propostas à Câmara Municipal que vão no sentido de explorar o turismo como motor do investimento.
“Há um trabalho que está a ser desenvolvido nessa área desde 2011”, explica Luz Pedroso, da agência de mediação imobiliária Twelvesquare, que tem vindo a cooperar neste dossiê com diversos arquitetos. Um dos objetivos do grupo é “conseguir mover programas de apoios” para a intervenção na zona histórica.
Essas linhas de financiamento podem chegar do sistema de incentivos do QREN e do programa Jessica, ambos promovidos pela União Europeia.
“Temos tido muita procura” e “há também uma vontade política para que os centros das cidades sejam reabilitados”, refere a consultora da agência Twelvesquare.
Com diversos imóveis em carteira localizados nas ruas mais antigas de Leiria, a empresa é responsável, por exemplo, pela comercialização do edifício onde Eça de Queiroz habitou quando foi administrador do concelho, entre julho de 1870 e junho de 1871.
E naquele quarteirão, paredes meias com o centro cívico que adota o nome do escritor, pode justamente nascer um projeto temático ligado à herança de Eça que inclua alojamento turístico, admite Luz Pedroso.
Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt
(notícia publicada na edição de 6 de fevereiro de 2014)