Há uma nova vida a chegar à Torre da Sé de Leiria. Com dois anos de atraso em relação ao previsto, arrancam no próximo mês as obras de requalificação do monumento. A intenção é resolver os problemas de instabilidade da estrutura, reformular a circulação no interior e permitir a musealização do espaço.
A intervenção surge no âmbito da Rota das Catedrais e valorizará este património da cidade e da Diocese Leiria-Fátima. “O projeto procura devolver a verdade construtiva do edifício e revelar algo que não acontecia até agora: a verticalidade e totalidade da torre”, explica o arquiteto do Departamento de Património Cultural da Diocese, Humberto Dias, que assina o projeto com Pedro Gândara.
Atualmente, a Torre da Sé está dividida em segmentos. Da base não se acede ao topo e, mesmo entrando pela Casa do Sineiro (junto à PSP), o acesso ao carrilhão é sinuoso. “Não permite ler a verticalidade, que é imponente”. Afinal, são cerca de 30 metros por onde correm os gigantes pesos que fazem funcionar o relógio.
A obra vai dotar a torre de uma nova escada de acesso, “mais fácil de utilizar e que permitirá visualizar desde a base – onde está um fragmento arqueológico da muralha do castelo – até ao carrilhão, passando pela belíssima peça que é o relógio e garantindo o acesso seguro e confortável”. Com o reforço da estrutura, as aulas de carrilhão vão voltar à torre, depois de terem sido interrompidas. “O risco de colapso é real”, sublinha o arquiteto.
O edifício será preparado para ser musealizado, apesar do espaço ser “muito exíguo”. “Não será uma exposição permanente. Mas poderá ser utilizado para pequenos apontamentos temáticos relacionados não só com a torre, mas também com a Diocese”, realça Humberto Dias.
O anúncio do início das obras foi feito no Mosteiro da Batalha, durante o encontro “Políticas Patrimoniais da Região”, que celebrou 20 anos do Centro do Património da Estremadura. Gonçalo Cardoso, presidente do CEPAE, considera a recuperação “uma ótima notícia”: “Dignifica um importante monumento da paisagem da cidade de Leiria”, sublinha, lembrando a singularidade do monumento: em Portugal é a única torre separada fisicamente da respetiva Sé, de modo a que os sinos se ouvissem dos dois lados do morro do castelo.
A obra custará aproximadamente 400 mil euros e estará pronta até final do ano. Depois, será possível entrar e usufruir de um dos mais famosos monumentos da cidade e da privilegiada vista panorâmica sobre Leiria.
1 A Torre da Sé foi construída sobre um fragmento da muralha do Castelo de Leiria
2 A Casa do Sineiro, hoje muito degradada, será requalificada a pensar na musealização da Torre
3 O relógio e o belo mecanismo que o faz funcionar é uma das atrações do edifício
4 Finda a obra, as aulas de carrilhão voltam à Torre da Sé, depois de terem sido suspensas devido ao risco para a segurança que a estrutura do edifício atualmente representa
Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt
Desenho do projeto:
Humberto Dias/Pedro Gândara
(Notícia publicada na edição de 30 de janeiro de 2014)
porto de mos disse:
ainda bem