Portugal é líder na indústria da cordoaria, fornecendo 60 a 70 por cento da procura na Europa. E entre as poucas empresas nacionais que se dedicam ao fabrico de fios e cordas encontra-se a Tecfil, na Marinha Grande, que encerrou 2013 com crescimento de dois dígitos.
Fundado em 1982, o negócio gerido por Paulo Valinha, um engenheiro mecânico de formação, atingiu no ano passado os 10 milhões de euros em vendas. Grande parte deve-se ao bom desempenho nos canais internacionais. A exportação absorve hoje 80% da produção da unidade, os maiores compradores são França, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido.
“Vendemos recentemente para Taiwan, coisa que eu nunca acreditei que íamos fazer, e curiosamente a preços mais altos do que na Europa, e neste momento estão amostras a caminho da Austrália, que é muito importante”, explica Paulo Valinha.
Diversificar os países de destino pode ajudar a empresa da Marinha Grande a combater a sazonalidade da procura com origem no sector agrícola, explica o gestor. As atividades da pesca são o outro grande segmento fornecido pela Tecfil.
Depois de aumentar 24% a faturação no ano de 2012 e 28% em 2013, a única fábrica de cordoaria no distrito de Leiria deverá voltar a crescer em 2014, até aos 12 milhões de euros. Desde a mudança para novas instalações, em 2009, a empresa ampliou a gama de produtos e admitiu 55 novos trabalhadores (são agora 90).
A ampliação do complexo – 13 mil metros quadrados de área coberta – está nos planos da administração, que admite investir nesta expansão e na aquisição de equipamentos, para aumentar a capacidade instalada, até meados do próximo ano, nomeadamente na linha de fios de enfardar palha.
“A dimensão neste tipo de negócio é crítica. Quanto mais produzimos, melhor. As chamadas economias de escala”, refere Paulo Valinha, que se estabeleceu na Maceira, Leiria, com apenas uma máquina. Hoje a produção da Tecfil é de 600 toneladas por mês e desde 1995 que opera em três turnos diários.
Com crescimentos médios de 30% ao ano desde 1992, a empresa produz fios e cordas a partir de matérias-primas das famílias dos polipropilenos e dos polietilenos (plásticos). Fios agrícolas, fios comerciais, cordas e enleias, cordas de ráfia, fios entrançados, fios torcidos e linhas de pesca. O peso da exportação no volume de vendas, que era de 35% em 2008, tem subido consecutivamente.
De acordo com o jornal Público, o sector português de cordoaria e redes é formado por uma dezena de empresas que asseguram 3.200 postos de trabalho diretos e indiretos. O volume de negócios anual é de 350 milhões de euros, 85% realizado com estados membros da União Europeia.
Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt
(Notícia publicada na edição de 20 de fevereiro de 2014)