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Leiriense faz revolução agrícola em Cabo Verde

Empresário da Barreira dirige um projeto de agricultura sem água que fornece o mercado local e cozinhas de hotéis internacionais de referência. O investimento foi amortizado em dois anos.

Dois anos depois de ter partido de Leiria para Cabo Verde, o empresário agrícola Mário Moniz é o protagonista de uma história de sucesso em Rabil, na ilha da Boavista. Numa terra árida, quase sem água, há uma horta onde crescem frutas e legumes que diariamente abastecem o mercado local e alguns hotéis de referência.

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Mário Moniz é proprietário de uma estufa com 1.600 metros quadrados na ilha da Boavista

O segredo de Mário Moniz, de 49 anos, natural da Barreira, é a agricultura sem terra, técnica batizada com o nome hidroponia. As plantas crescem apenas com uma solução nutritiva dissolvida em água.

“Conseguimos uma produção que, no mínimo, atinge o dobro dos valores conseguidos no sistema tradicional, com menos doenças, menos pragas e menos trabalho”, refere o empresário.

A hidroponia – em franca expansão – pode ser a grande opção para o aumento da produtividade agrícola, bem como a solução para países afetados por secas regulares, uma vez que “neste sistema consumimos seis a sete vezes menos água do que no método tradicional”, explica o leiriense.

A horta de Mário Moniz estende-se por 1.600 metros quadrados, em tubagens plásticas onde crescem alfaces, pepinos, tomates, pimentos, salsa, coentros e morangos. Estes produtos fazem as delícias de exigentes chefes de cozinha de hotéis internacionais, onde chegam semanalmente centenas de turistas.

O projeto arrancou em março de 2012, com um investimento de 200 mil euros, “mas já está amortizado ao fim de dois anos”, pelo que “o balanço é altamente positivo”, apenas contrariado “pelas muitas saudades da família e dos amigos da Barreira e de Leiria”, conta Mário Moniz.

Todo o trabalho da exploração é realizado pelo próprio empresário, apenas com a ajuda, a tempo parcial, de um colaborador local.

A hidroponia exige um investimento “quatro a cinco vezes maior do que uma estufa tradicional”, explica o agricultor, mas como as tubagens onde nascem e crescem as plantas são montadas em estruturas bem acima do solo “a apanha é sempre mais fácil e os produtos não trazem terra agarrada”, esclarece.

Francisco Rebelo dos Santos
francisco.santos@regiaodeleiria.pt

(Notícia publicada na edição de 3 de julho de 2014)


Secção de comentários

  • Manuel Marques disse:

    Salvo o exagero da "revolução" do leiriense, creio que todo o investimento agrícola é bem-vindo àquelas paragens.

    E da "revolução" feita, deve desconhecer o nosso conterrâneo que existe na ilha do Sal uma exploração em hidroponia com mais de 10 000 m2, produzindo também ela alguma variedade consoante a procura, creio que há uns bons 10 anos, sendo hoje uma empresa moderna e com relativos avanços tecnológicos.

    Existe também na Ilha de Santiago, mercê da colaboração e de protocolo com as Canárias, uma escola agrícola com monitores e técnicos em hidroponia, donde regularmente sai gente formada.

    Ah, e recordo agora que a "revolução" até chegou à ilha de S. Vicente. É que ali fazem forragem para gado….em sistema hidropónico.

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