É o “embaixador” da Escócia em Leiria há década e meia, mas nunca tinha ido às Highlands até há uns meses. Em maio deste ano, com o amigo Vincent, foi até Ullapool, cidade do norte escocês, rodeada de paisagens do “Braveheart”. “Fiquei encantado. Era um sonho que consegui concretizar”, conta o popular Johnny, João Paulo Serra no BI.
Em Leiria todos o conhecem: pela música da gaita-de-foles, flauta e harmónica que vai animando concertos, bares, casamentos e outros eventos, mas, sobretudo, pelo kilt que frequentemente veste e que o próprio costurou. “Só a saia original custa 80 euros. O trajo completo chega a 500 euros!”.
Quando anda pelas ruas “à escocês”, desperta curiosidade, no mínimo: “Perguntam-me se tenho alguma coisa vestida por baixo [risos]. E dizem-me: ‘Levanta lá!’, mas não posso, até porque é um sinal de provocação na Escócia. Oiço muitas ‘bocas’, mas é tudo sem maldade”.
Johnny cresceu na Guarda e viveu em Lisboa, Açores e Galiza até chegar a Monte Real, há 15 anos. Em Lisboa, integrou muito novo, com 12 anos, uma banda. Foi aí que descobriu a gaita-de-foles, paixão que aprofundou na Galiza, onde viveu com uma tia. “Ela tinha um restaurante e os estudantes iam lá petiscar e tocar. Eu juntava-me e assim fui aprendendo”.
Hoje toca gaita galega, mas na Escócia experimentou as locais, “mais suaves”, e utilizadas em muito mais ocasiões. “Quando lá estive, no hotel houve uma cerimónia com gaitas. Pensei que era para mim, por ser português, e fui agradecer! Mas era para o presidente, que estava lá em campanha por causa do referendo da independência [risos]”.
Lá, deu oito concertos com Vincent McCallum, parceiro no projeto musical mais regular. “Correu muito bem e vamos voltar!”.
Johnny toca também com Vítor Sérgio e Apartirtudo, além de muitas outras colaborações. Já acompanhou Rio Grande, Rui Veloso e Jorge Palma em alguns eventos e tocou harmónica no último disco de David Fonseca. Para lá da música, trabalha no restauro e construção de casas de madeira.
Esta sexta-feira, Johnny leva a sua música celta, folk e galega às terras altas da região: com Vincent, tem honras de abertura do Festival Terras de Aire e Candeeiros, em Alvados.
“Tocar no meio da serra é como tocar na Escócia, mas em ponto pequeno. Ali sinto-me mais português, sinto a tradição. Além disso, é um festival com muitas coisas boas, aconselho!”.
Programa do Festival Terras de Aire e Candeeiros:
Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt