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Sociedade

Base de Monte Real aciona alerta o dobro de vezes que em 2013

Desde 1994 que a Base Aérea de Monte Real é a casa dos F-16, assumindo também o estado de prontidão de alerta de Defesa Aérea. É única base em Portugal em estado de prontidão permanente

Quem vive junto à Base Aérea de Monte Real (BA5), em Leiria, já conhece o som dos caças F-16 a descolar e sobrevoar a região e, em alguns casos, até as horas em que as aeronaves aterram com maior frequência. Para os mais distraídos, a importância destas máquinas de guerra só ficou explanada, na última semana de outubro, quando foram chamados a intervir para intercetar aviões militares russos. 

Desde 1994 que a unidade militar é a casa dos F-16, assumindo também o estado de prontidão de alerta de Defesa Aérea. Trata-se da única base em Portugal em estado de prontidão permanente, com dois pilotos de prevenção, 24 horas por dia, e dois caças F-16, armados com mísseis reais e canhão, aptos a descolar no máximo de 15 minutos.

Fotografia de Joaquim Dâmaso
Fotografia de Joaquim Dâmaso

O alerta foi acionado por duas vezes em dois dias, elevando para quatro o número de missões de segurança realizadas este ano – o dobro do que em 2013.

E como é feito o alerta? O sistema de Defesa Aérea deteta aeronaves não identificadas. Através do Centro de Relato e Controlo da Força Aérea dá conhecimento à estrutura militar da NATO, que ativa os F-16, em alerta permanente, para intercetar as aeronaves.

Outra das particularidades deste caso prende-se com o facto das aeronaves intercetadas serem militares, facto não verificado há vários anos em Portugal. Tratavam-se de dois bombardeiros TU-95 Bear.

Na primeira ocasião, no dia 29, quarta-feira, os aviões russos deslocavam-se de noroeste de Portugal para sul, “voando alto, rápido e sem comunicações com o Controlo de Tráfego Aéreo”. Ativada a parelha de F-16, os aviões russos foram intercetados a 100 milhas da costa (a cerca de 185 km de Peniche).

O espaço aéreo nacional ou de soberania nacional está limitado às 12 milhas da costa. Daí até ao limite das denominadas Regiões de Informação Aérea – Flight Information Region (FIR) – de Lisboa e de Santa Maria, no Atlântico, é considerado espaço aéreo internacional, mas sob jurisdição de Portugal, cabendo ao país a sua monitorização.

A “invasão” repetiu-se na sexta-feira, dia 31, mas a 90 milhas na zona norte, junto ao Porto (a cerca de 170 km).

Segundo um comunicado divulgado pela NATO, esta não foi a única região europeia atingida. Quatro grupos de aviões militares russos realizaram, na última semana, “manobras militares significativas”, sobre o mar Negro, mar do Norte e Oceano Atlântico e no mar Báltico. Aqui as operações contaram também com a intervenção de F-16 portugueses que se encontram na região em missão internacional, com um contingente de 70 militares.

(Parágrafo atualizado)

Já na terça-feira, dia 5 de novembro, o navio auxiliar russo Sibiriyakov foi detectado a dobrar o Cabo Finisterra entrando no Golfo da Gasconha rumo a norte, saindo da Zona Económica Exclusiva Portuguesa, ao ser acompanhado pela Corveta portuguesa Jacinto Cândido que se encontrava junto à costa algarvia.

Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt

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