Nunca visitou o Farol do Penedo da Saudade, em S. Pedro de Moel? Tem uma oportunidade. A Marinha Portuguesa abre os faróis, a nível nacional, semanalmente às quartas-feiras em três visitas guiadas pelos respetivos faroleiros.
Esta iniciativa, que teve início em 2011, permite ao público visitar a mítica torre do farol e observar o oceano Atlântico de uma perspetiva única, nos seguintes horários:
– no inverno das 13h30 às 16h30 (última subida à torre às 16 horas)
– no verão das 14 às 17 horas (última subida à torre às 16h30)
A Lenda do Penedo da Saudade
Os marqueses de Vila Real foram donos de Moher, hoje denominado São Pedro de Moel (…). O Duque de Caminha, D. Miguel Luís de Menezes, filho do Marquês de Vila Real, vivia feliz em Moher com a sua jovem esposa, a Duquesa D. Juliana Máxima de Faro, filha dos Condes de Faro.
Num dos seus passeios a cavalo, nas arribas junto ao mar, pararam os dois sobre o promontório. Como estavam muito enamorados, ali fizeram as suas juras de amor eterno e expressaram o seu carinho.
Naquele local, misturadas com o mato nasciam pequenas e belas flores cor-de-rosa, eram tão raras que só se encontravam naquele sítio, e o duque gostava de oferecer raminhos destas flores à sua esposa. (…) Para eles este sítio era maravilhoso, um verdadeiro paraíso. Tiveram de regressar a Lisboa.
Tinha-se dado a Restauração de Portugal e era nosso rei D. João IV. O título de duque de Caminha tinha sido dado a D. Miguel pelo Rei Filipe III e D. João IV tinha-lho confirmado em 1641. O pai do duque, o marquês de Vila Real, a quem o rei D. João IV tinha também confirmado o título e concedido o lugar de Conselheiro de Estado, não estava satisfeito e começou, junto com outros, a conspirar contra o rei.
Fez então uma reunião (…) e pediu ao filho que estivesse presente. O filho participou nesta reunião para dissuadir o pai das intenções que este tinha contra o rei.
No dia seguinte, o rei já sabia de tudo e mandou prender todos os participantes nessa reunião. A duquesa bem pediu ao rei que perdoasse o seu marido, mas este não lhe concedeu o perdão.
Foi-lhe sentenciada (…) a pena morte. No dia a seguir à execução do duque, a duquesa veio para a praia de Moher, pois só ali podia recordar os mais belos momentos da sua vida. Decidiu nesse momento, ir passear para aquele penedo sempre que o tempo lho permitisse.
Ali estavam em seu redor as belas flores rosas e perfumadas que o seu amado lhe oferecia. A estas flores a duquesa deu o nome de Saudades, e ao local o nome de Penedo da Saudade.
(in Cheiros e Sabores das Nossas Terras – Projeto 4 Cidades – outubro de 2004)
Joaquim Dâmaso (Fotografias)