A Marinha Grande assinala esta quarta-feira mais um aniversário da revolta operária de 18 de janeiro de 1934. São dois os programas comemorativos e falta o consenso em torno das iniciativas programadas. No cerne da divisão estão as duas centrais sindicais, UGT e CGTP.
Em causa está uma conferência agendada para a tarde desta quarta-feira. Organizada pela Câmara local, pelas 15h30, decorre a conferência “O 18 de Janeiro de 1934” que contará com a participação de Carlos Silva, secretário-geral da UGT e ainda de Edmundo Pedro, histórico resistente do Movimento Operário e de Hermínio Nunes, autor do livro “Antecedentes sociais do 18 de Janeiro de 1934 na Marinha Grande”.
Mas esta opção já mereceu a crítica da estrutura local do PCP. Em comunicado, a Comissão Concelhia da Marinha Grande do PCP, considerou o convite a Carlos Silva como uma “afronta clara” ao Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira e à CGTP, que, consideram os comunistas, são “legítimos herdeiros do legado de luta do 18 de Janeiro de 1934”.
Ora, na verdade, para além do programa oficial de comemorações promovido pela autarquia, existe um outro promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira. Este último, contudo, ostenta o brasão do município entre os apoiantes das comemorações. Não obstante, o programa do sindicato não inclui qualquer referência à conferência com o líder da UGT, da mesma forma que as comemorações municipais não contemplam eventos incluídos no programa do sindicato. Nomeadamente, um dos eventos conta mesmo com a participação de elementos da CGTP. Será na manhã desta quarta-feira. Pelas 11h30 está prevista uma cerimónia pública junto ao monumento do vidreiro estando anunciada a presença de elementos da comissão executiva da CGTP.
Durante esta quarta-feira, o sindicato dos vidreiros organiza ainda, pelas 10 horas, uma romagem aos cemitérios de Casal Galego e Marinha Grande, com deposição de flores nas campas dos prisioneiros por participação no movimento operário que hoje se assinala. Pelas 11h15, terá ainda lugar uma atuação do grupo “Tócandar”. No programa comemorativo sindical, que já arrancou dia 13, constam ainda provas desportivas, teatro e outros eventos.
Já as iniciativas municipais, arrancaram ontem, terça-feira, e incluem ainda a apresentação de trabalhos realizados pelos alunos das escolas do ensino básico do concelho, alusivos à efeméride. A peça de teatro “Menino do Vidro”, pela Oficina Teatro & Arte, sobe ao palco do auditório da Resinagem na tarde de hoje e, à noite, o palco da Casa da Cultura recebe o concerto de Pedro Abrunhosa. O programa de comemorações conta ainda com a abertura da exposição fotográfica “100 Anos de Fotografia”, patente no Museu Joaquim Correia.
O movimento operário ocorrido a 18 de janeiro de 1934 resultou de um longo processo de luta social e sindical, pela melhoria das condições devida e de trabalho. Foi no contexto de forte repressão social que no dia 18 de janeiro de 1934 eclodiu a insurreição do Movimento Operário na Marinha Grande, a par de outras manifestações e greves gerais um pouco por todo o país, que teve como intenção forçar a queda do regime.