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Paulo Sarraipa: “Fiquem tranquilos, não vou fazer o que me fizeram a mim, dar luta constante”

Presidente da União de Leiria demite-se depois de grupo de sócios convocar assembleia geral extraordinária a pedir a sua destituição. Reunião deverá acontecer dia 24 de março.

Presidente da União de Leiria demite-se depois de grupo de sócios convocar assembleia geral extraordinária a pedir a sua destituição

REGIÃO DE LEIRIA – Nove meses depois de ter sido eleito apresenta a sua carta de demissão do cargo de presidente da direção da União de Leiria. O que o levou a esta decisão?
Paulo Sarraipa – Motivos pessoais. Tinha uma situação controlada na União de Leiria mas houve um documento subscrito por um grupo de sócios a apelar à minha destituição. Entendo que não deve haver guerras na União de Leiria. Saio eu e a minha direção.

RL – Ao demitir-se está a dar razão aos subscritores do documento?
PS – Não entendo dessa forma. Entendo que o clube não merece guerras. Merece paz. Não há necessidade da União de Leiria, somos tão poucos, não estar unida. Entendi, depois de ver as assinaturas, cerca de 50, as necessárias para haver uma assembleia geral extraordinária, que sou o alvo e estou a complicar o bom funcionamento da União de Leiria. Não tenho sede de poder. Fui candidato porque não havia mais ninguém.

Paulo Sarraipa
Paulo Sarraipa

RL –Qual é a sua condição, neste momento, no clube?
PS –Vou-me reger pelos estatutos. Sou presidente demissionário até existir uma assembleia geral extraordinária, prevista para 24 de março, onde seja eleita uma comissão de gestão administrativa.

RL –Que balanço faz destes nove meses?
PS –Positivo, fica um clube organizado, com contas aprovadas. A União de Leiria só tinha umas estátuas, umas paredes emprestadas pela Câmara e a Academia em Santa Eufémia. Agora tem toda a parte administrativa em ordem, hardware e software para, por exemplo, passar recibos, o que até à minha posse não existia. Espero que agora se passem recibos aos pais dos atletas. Deixo uma viatura nova em condições de ser utilizada, um autocarro, que estava parado, que coloquei a funcionar. O nome do clube não vai ao lume por difamação, má gestão do presidente ou elementos desta direção.

RL –O que é que faltou para que os sócios entendessem as suas opções?
PS –Os sócios acreditam mais na SAD. Isto agravou-se a partir do momento que a União de Leiria alertou a SAD para a falta de pagamento que existia sobre a utilização da Academia. A União de Leiria não é autossustentável e era preciso reduzir custos. Avancei com a redução e houve uma revolta contra a direção. Existiu também uma quebra de relações com a SAD, que não estava a cumprir o prometido. A União de Leiria para ser sustentável tem que ter três, quatro mil euros por mês, além do valor das mensalidades dos atletas. De outra forma não é possível.

RL –O que é que vai acontecer à União de Leiria?
PS –Temo pelo futuro da União de Leiria! Vejo um futuro muito negro porque as pessoas que subscreveram o documento ou põem dinheiro no clube e arranjam forma de por ou a SAD cumpre. E agora é um assunto de polícia: porque é que a SAD não cumpriu comigo e cumpre com eles? Porque é que o presidente Rui Lisboa era uma pessoa não grata para a SAD e agora são amigos? Deixo isso para as autoridades. As entidades competentes que analisem.

RL –Como vai ser a sua ligação daqui para a frente com o clube?
PS –A paixão não acaba. As pessoas são livres de se candidatar e vou estar atento para que se cumpra tudo o que está nos estatutos. Espero que depois disto, para bem do clube, as pessoas deem a cara e apareçam. E fiquem tranquilos, vou ser crítico no momento e lugar certo. Não vou fazer o que me fizeram a mim, dar luta constante. Deixo cerca de 100 mil euros de obra feita. Havia mais para fazer, não me deixam.

RL –Sai magoado com os sócios?
PS –Não, eles não perceberam o que queria transmitir. Isto é como na política, pode ter-se a melhor das intenções mas não se sabe passar a mensagem e os sócios não perceberam que um leiriense, com 44 anos de sócio, devia ter mais credibilidade do que alguém que chega a Leiria num voo há quatro anos. E em tão pouco tempo é logo detido por motivos relacionados com a União de Leiria. Não vou calar a boca mas no local próprio.

Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt

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